O que mudou em poucos meses? O que é que transformou aquela equipa que estava dependente de Falcao e Hulk para um colectivo que, em vez de depender do duo quase que em exclusivo, potencia as suas qualidades em prol do colectivo? Sapuna... quem?
Tantas perguntas que neste momento assombram os analistas e vão cultivando tentativas de resposta ao longo destes escassos meses de competição. O que mudou? Tudo, ainda que tenha sido conseguido sem mexer nas pedras, ou recuperando as que estavam arrumadas a um canto o tabuleiro. Se possível é, porque não enumerar as mudanças que este Porto ressuscitado com chama reacendida?
1. A baliza - A revolução sossegada começa na primeira posição de uma equipa, a de guarda-redes. Hélton manteve a titularidade, mas estão lançadas as dúvidas se é este o mesmo Hélton que salvava os jogos com a mesma facilidade com que os comprometia. Ao brasileiro fez muito bem a braçadeira de capitão e é agora claramente um motivo de tranquilidade para a equipa primeiramente, mas também para os adeptos. Aliás, está bem patente a grande forma do guardião portista pelas grandes defesas que vai coleccionando e a atenção que tem nos postes e fora deles.
2. O defesa-direito - Desde o jogo com o Arsenal, na última temporada, Fucile, não obstante ser já um pouco "prata da casa", vinha perdendo a forma pelo FC Porto, ao ponto de ter terminado a temporada como suplente de Miguel Lopes. Nesta temporada, uma agradável surpresa retirou-lhe o lugar da equipa: Sapunaru. O internacional romeno foi emprestado na segunda metade da última temporada ao Rapid de Bucareste, mas nesta regressou apostado em convencer o seu novo treinador de que podia contar com ele. E pode! O lateral tem estampa física, é bom no jogo aéreo e sabe claramente quais os
timmings certos para subir no terreno, conferindo uma constância à equipa que é fundamental. Se do outro lado, Álvaro Pereira é uma seta em todo o corredor, do outro, Sapunaru é o equilíbrio dessas investidas.
3. Fernando - As alterações anunciadas em Fernando transformaram-no num jogador imprescindível. O "Polvo" continua a recuperar bolas como ninguém, sendo uma aterrorizante máquina de esmagar jogo adversário, mas é agora também uma fonte de desequilíbrios na hora de alvejar a baliza. Fernando sobe, sobe bem, distribui, também de forma muito satisfatória e até já vai aparecendo a rematar bastantes mais vezes do que estávamos habituados no passado. O resultado é o aumento da acutilância ofensiva do Porto, sem que se perca o equilíbrio ofensivo.
4. Moutinho/Belluschi - Quando se pensava que a chegada de João Moutinho ia empurrar Fernand Belluschi para fora da equipa, o argentino mostrou que, com o internacional português, podia chegar a níveis nunca antes vistos de dragão ao peito. Belluschi pensa o jogo do FC Porto como ninguém e pensa-o muito rápido. Além do mais, é um grande acrescento de fantasia ao sector intermediário. Por outro lado surge Moutinho. O ex-Sporting já há muito justificou o dinheiro que o Porto gastou para o ir repescar aos rivais lisboetas. O médio interpreta os pormenores tácticos e delicia ao aparentar nunca ter saído do Reino do Dragão. O camisola 8 consegue perceber onde é que se há-de colocar em campo e q uando é que o pode fazer. Este "duo" é responsável por sentar Rúben Micael no banco de suplentes - um jogador com qualidade para ser titular em qualquer meio-campo, pelo menos em Portugal.
5. Hulk - Não se pode falar propriamente numa mudança no "Incrível", uma vez que, desde que havia regressado à equipa, na época passada, depois de suspensão, tinha realizado grandes exibições. Ainda assim, nunca capaz de ter números superiores aos de Ronaldo ou Messi, aos de ser um jogador tão "colectivo", ou pelo menos mais do que nunca. Villas-Boas exponenciou claramente as potencialidades de Hulk e o resultado está à vista: 13 jogos, outros tantos golos e ainda seis assistências.
A apresentar este nível, apenas o Benfica parece ser capaz de fazer alguma resistência a um Porto que é demolidor, assim como encantador. Até onde, até quando...