Assim...ninguém nos pára

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Finalmente apetece-me falar de FUTEBOL. Isto é futebol. A meio de tantas polémicas, perseguições, colinhos, roubos, etc… isto é uma lufada de ar fresco para o que ainda há-de vir! Um jogo límpido, asséptico no que diz respeito à arbitragem, sem polémicas, sem casos…

O Porto alinha sem Bruno Aves, com Maicon, a juntar-se a Alvaro, Rolando e Fucile. No meio o tridente Fernando-Belluschi-Meireles… o primeiro meio campo com dois médios criativos em quase 4 anos de Jesualdo. Na frente o Varela, Falcão e Mariano. A primeira parte foi domínio e controlo do Porto de fio-a-pavio. Uma entrada fortíssima, com a equipa bem subida no relvado, junta, compacta, a pressionar, a recuperar bolas no meio-campo ofensivo e a chegar por várias vezes à área com a bola controlada. Deve ter sido o jogo com o maior numero de toques na bola, por jogada do Porto.

A oportunidades de golo foram surgindo, no primeiro tempo, quer por bolas paradas ou jogo apoiado e de forma muito natural o Porto “trisou”: Rolando num canto, Falcão de pé direito e Falcão de cabeça. No primeiro tempo a única coisa pouco natural foi mesmo o excelente golo de Izmailov, ao qual vou abster-me de dizer que foi com uma ligeira cumplicidade de Beto, que desvia mal a bola… bate no poste antes de entrar.

Por falar em Frangos, diga-se que o Patrício também não esteve no seu melhor: no golo do Mariano e o primeiro do Falcão ele deveria ter feito bem melhor. Foi a melhor primeira parte do Porto este ano. Foi uma das melhores primeiras partes de Jesualdo: para comparar, lembro-me apenas da primeira parta na Luz, em Manchester e Vicente Calderón, em 2008… Melhor qualidade de jogo, talvez só mesmo aquela brutal segunda parte em Stanford Bridge, apesar do resultado.

Goleada no Dragão

O meio campo esteve fantástico, até Fernando, exceptuando um disparate que resultou numa perda de bola a meio campo, esteve bem e a participar activamente na construção do jogo. Belluschi é o melhor marcador de bolas paradas e juntamente com o Rúben, permite que o Porto crie, encontre e use diversas opções para progredir no ataque: pelas linhas, pelo meio, em posse, em circulação, em transição rápida… Já Rúben, mostrou que tem uma enorme visão de jogo, amplitude de movimentos, acerto no passe de média-longa distância. Encontra alternativa como nenhum outro, acompanha as jogadas dando apoio e linhas de passe e permite que a equipa chega dentro da área adversária em posse de bola e em triangulações constantes.

Na frente, um possante Varela, teve a companhia de um acertado Mariano e uma enorme Falcão. Falcão é relativamente baixo, lento, não muito possante… mas tem uma cultura táctica impressionante, move-se dentro e fora da área com muita esperteza, luta, desgasta, domina, segura, roda e remata (de pé ou cabeça) com uma eficácia a toda a prova. É de facto um excelente avançado, pena é que não tenha uma capacidade de progressão em drible ao mesmo nível.

Goleada no Dragão

A segunda parte começa como se desenrolou todo o primeiro tempo… o Porto em cima do Sporting e a marcar bem cedo, por Varela, ao minuto 3. E pouco depois um grande golo do Mariano a coroar a sua boa exibição. O jogo continuou vivo, apesar de alguma contenção de parte a parte, e gestão de esforço... até porque o Porto teve menos 1 dia de descanso.

Ao minuto 90 o Sporting reduz para 5-2, com golo de Liedson. Ao golo sucede uma reacção estranha da plateia… um aplauso! Pareceu-me que foi um aplauso à própria equipa e não ao golo… mas se alguém conseguir explicar, faça-o… Fica o registo do único Porto de Jesualdo com 2 médios criativos num jogo grande… o resultado é o que se vê! O resultado foi dilatado, moralizador e além de justíssimo espelhou toda a qualidade de jogo que o Porto empregou hoje: mérito. Foram 2 jogos seguidos dessa coisa rara: bom futebol.

Obrigado sr.prof. e atletas. Este é o Porto do qual tínhamos saudade. Possante, afirmativo, a jogar para a bancada, sem medos, sem invenções… completamente indiferente às adversidades que lhes podiam artificialmente ter colocado. A jogar assim nem árbitros, delegados, nomeações, juízes, cervejeiras… nos param!

Texto de Nuno Silva para o Negócios do Futebol