Muda aos três...acaba aos cinco

Silvestre Varela (FC Porto)

Se dúvidas havia...aí está André Villas-Boas, aquele mesmo a quem chegaram a atacar dizendo ser uma segunda escolha, a mostrar que o "seu" Porto parece, neste momento, ser à prova de bala. Goleada das antigas! Cinco facadas nas aspirações benfiquistas ao título nacional que deixaram os campeões em título em estado grave. Falcao e Hulk bisaram no encontro. Varela abriu a contagem.

A história do jogo resume-se quase na sua totalidade a cinquenta metros: os do meio-campo do Benfica. Os lisboetas muito raramente ousaram importunar Hélton e o "trio" do meio-campo portista foi mais do que suficiente para o quarteto dos encarnados. O Benfica não conseguiu suportar o ímpeto portista e sucumbiu logo aos 12 minutos. Hulk deixou David Luiz nas covas - ele que foi adaptado a lateral-esquerdo para segurar o "Incrível" - e, perante a saída de Roberto, ofereceu o golo a Silvestre Varela que só teve de encostar. Primeira explosão de alegria no Dragão que se pintou com coreografias criativas. O golo não adormeceu os líderes que foram em busca do segundo e Belluschi poderia mesmo ter conseguido, mas o "remate" de peito, não surtiu efeito. Pouco depois foi Hulk a tirar tinta ao poste. Adivinhava-se novo tiro certeiro.

Silvestre Varela (FC Porto)

E esse tal tiro haveria de chegar por intermédio de uma rapina que não a águia. Falcao iria fazer aquele que será seguramente um dos golos mais bonitos da sua carreira. "El Tigre" respondeu a um cruzamento aparentemente perdido com um toque de calcanhar que deixou Roberto surpreso. Entre o segundo e o terceiro - o segundo de Falcao - só deu tempo para Aimar rematar para que o guarda-redes do FC Porto encaixasse. Radamel Falcao, agora de primeira, a concluir um ataque rápido, daria, aos 28 minutos, uma vantagem que premiava a equipa que tinha vindo a jogo.

Possivelmente não se pode falar em demérito do Benfica. A verdade do jogo residiu muito mais na estratégia e qualidade que os jogadores do Porto começaram a demonstrar. E tudo - praticamente tudo - começava em Moutinho e Belluschi. A dupla de médios mais avançados dos azuis-e-brancos recuperava bolas, aparecia nos espaços livres (fosse onde fosse), defendiam, criavam, protagonizando uma exibição memorável. Até ao intervalo, os "dragões" iriam abrandar o ritmo e o jogo assim seguiria tranquilo para o descanso.

Eduardo Salvio (SL Benfica) & Fernando Belluschi (FC Porto)

No segundo tempo, Jorge Jesus lançou Gaitán para o lado esquerdo do meio-campo e fez recuar Fábio Coentrão, tirando Sidnei. E a equipa melhorou. O argentino conseguiu algumas arrancadas e Hulk foi momentaneamente neutralizado. Momentaneamente. David Luiz protagonizou a melhor oportunidade do Benfica no jogo. Grande remate de um dos homens que mais inconformado esteve no Benfica durante o jogo a proporcionar uma não menos brilhante defesa de Hélton. Não se deixou abalar o Porto. Voltou a activar o rolo compressor e partiu de novo para o meio-campo benfiquista. Os portistas chegariam com calma ao quarto golo, com o Benfica já reduzido a dez elementos por expulsão de Luisão após agressão do capitão do Benfica a Guarín. Hulk faria então o quarto na conversão de uma grande penalidade que o próprio ganhou. Estava lançado o delírio no Dragão.

El Oporto da un gran paso para hacerse con el título

Nota também para essa euforia que roçou os limites do moral, para não dizer que os ultrapassou. Uma bola de golfe atingiu Roberto nas costas. Rivalidades à parte, é altura de os adeptos entenderem que os profissionais que actuam em campo não têm culpa dessas mesmas desavenças entre Porto e Benfica. Senão qualquer dia corre-se o risco de, além de caneleiras, os jogadores terem de chegar ao campo com uma autêntica armadura.

Finalmente, já em período de descontos, Hulk inventou ainda mais um golo com um remate numa das suas diagonais para o meio. Remate fulminante com o pé esquerdo. O Benfica leva um bom exemplo para estudar as suas debilidades. Quanto ao Porto deu um passo muito importante rumo à reconquista do título.