Bom Guarda-redes boa defesa ou boa defesa bom guarda-redes


Quando em 1999, Vítor Baia se transferiu do FC Porto para o FC Barcelona as expectativas dos adeptos catalães estavam em alta, afinal o clube blaugrana tinha contratado um dos melhores guarda-redes do mundo.

Vítor Baia tinha sofrido, ao serviço do FC Porto, apenas 116 golos em sete épocas (uma média de apenas 16,5 golos sofridos por ano. Seguiu-se uma boa primeira época em Espanha em 1996 e uma lesão em 1997, na sequência da qual perdeu a titularidade da baliza do colosso espanhol, motivando o regresso ao FC Porto em 1999. Na altura, muitas opiniões se ouviram sobre o real valor de Baia, desde o argumento que jogar num campeonato português e espanhol não seria a mesma coisa, que o futebol espanhol é diferente, mais competitivo e com médias de golos por jogo mais elevadas, ao argumento que na capital da Catalunha o guarda-redes português não tinha um sector defensivo tão forte como tinha no FC Porto.


Todos os argumentos podem ter um fundo de razão, mas o último aplica-se perfeitamente ao início de época do FC Porto. Isto é, a explicação para o facto do Porto não ter sofrido qualquer golo nos três primeiros jogos disputados na Liga Zon Sagres, não pode ser justificada por uma melhor performance do sector defensivo de uma forma global, aliás é notório alguma falta de entrosamento entre os dois centrais e alguma discipiência defensiva de Álvaro Pereira. Então deve-se a quê? Ou a Quem? A Helton pois claro, tem sido ele o baluarte do sector defensivo, efectuando exibições que garantem a inviolabilidade das balizas do FC Porto.

Desta forma, e como já tem sido dito por muitos comentadores desportivos, a equipa de André Villas Boas consegue disfarçar algumas lacunas em alguns sectores. Ou será que para ter uma boa defesa é mesmo imprescindível ter um bom guarda-redes? Ou será ao contrário? Na realidade o equilíbrio e o entrosamento entre os diversos elementos da equipa é que fazem uma boa equipa defensivamente e ofensivamente, porque no futebol actual não se pode falar numa defesa composta apenas por um guarda-redes e 3 ou 4 defesas, todos os jogadores se movimentam defensivamente e ofensivamente.

Texto de Gustavo Tavares para o Negócios do Futebol