Um clássico à maneira de antigamente deixou-nos a todos em dívida com o futebol. O que é bom. É óptimo, aliás. É óptimo saber que continua a valer a pena ser adepto. É óptimo saber que o futebol é um amante incapaz de nos trair. No fim acaba sempre por nos arrebatar. Devolve-nos enfim à nossa condição de adeptos.
O clássico do Dragão arrebatou-nos como não o fazia há 34 anos. Na altura, em pleno PREC, o Sporting ganhou por 5-1. Esta noite o F.C. Porto apresentou a factura com outros cinco golos. Não há um Processo Revolucionário em Curso, mas anda lá perto. Pelo menos, como na altura, todos gritam e ninguém se entende.
Pouco importa, porém. O futebol provou-o esta noite. Por entre o dilúvio de berros, polémicas e decisões administrativas, o jogo mostrou que continua a valer a pena pela razão mais simples: porque é só futebol, e é imprevisível. Quando menos se espera, acontece. Nessa altura a história passa à frente dos nossos olhos.
É claro que a história que se escreveu esta noite faz feliz apenas os adeptos do F.C. Porto. Os do Sporting, esses, só encontram razões para agravar a amargura: o jogo fica para a eternidade à custa deles. É triste, sim, mas foi um sacrifício necessário. Alguém tinha que o fazer e o Sporting pôs-se a jeito para isso.
Pôs-se a jeito logo desde o início da partida. Entrou muito mal em campo, incapaz de esticar o jogo até ao lado contrário, sem comunicação entre os sectores e sem criatividade para sair do buraco em que se tinha metido. O F.C. Porto aproveitou e nos dez minutos iniciais criou uma enxurrada de futebol ofensivo.
Os primeiros vinte minutos do F.C. Porto terão sido aliás dos mais agradáveis da época. Pressionou alto, recuperou bolas no meio-campo adversário, fez subir os laterais, jogou com simplicidade, velocidade e inteligência, criando cinco situações de finalização até Rolando abrir o marcador aos onze minutos.
O Sporting, curiosamente, respondeu logo a seguir. Respondeu da forma mais bonita, no golaço da noite: Izmailov disparou uma bomba para o empate. Um golo caído do céu, num momento de pura felicidade. Efémero, porém. No essencial o jogo leonino não mudou nada. Por isso adivinhava-se que o empate era temporário.
Durou doze minutos. Durou até Falcao voltar a decidir o clássico. Ele que, curiosamente, já o tinha feito para a Liga. Fez dois golos em oito minutos e lançou o F.C. Porto para o triunfo. Talvez nesta altura seja bom abrir um parêntesis para exaltar o colombiano: oito golos em 2010... é preciso mais palavras?
O terceiro golo adversário abateu todos os fantasmas sobre o Sporting. A equipa tinha entrado mal e mostrava-se incapaz de contornar a melhor exibição portista. Mas aquele golo, e o espectro da vitória portista ao intervalo, mergulhou a formação de Carlos Carvalhal no pior que tem: uma insegurança enorme.
O golo de Varela, ele que festejou como se não houvesse amanhã, no que pareceu uma bofetada de luva branca no clube formador, mas o golo de Varela, dizia-se, foi o melhor exemplo: um passe simples de Mariano e uma diagonal básica do extremo portista deixaram Grimi pregado ao solo. Tudo simples para um golo feliz.
A partir daí o F.C. Porto entrou numa fase em que tudo lhe saía bem. Mariano, por exemplo, fez também ele um grande golo. A equipa soltou-se, trocou a bola, motivou olés e uma festa imensa nas bancadas. Uma festa que nem o golo de Liedson apagou. É justo. O clássico foi todo pintado de azul. Do início ao fim. inMaisFutebol
1 comentários:
se o porto jogar sempre assim nem benfica nem braga vao ser capazes de nos derrotar. . .e depois obviamente pode-se festejar o penta. Penso eu de que ...Já agora. . .cheira a jamor