O jogador português: Uma questão de mentalidade

Jogador português. Como apenas 2 palavras podem criar dezenas de opiniões, críticas ou pensamentos. De facto, ninguém tem sabido utilizar os escalões de formação como eles devem ser utilizados e aproveitados. Criou-se, nos últimos anos, a ideia de que jogador que é português, e da nossa formação, não pode singrar no nosso futebol. As razões para esta "falta" de aposta nunca vieram ao de cima.

Até agora não houve nenhum treinador, dirigente ou até o próprio presidente que viesse a público esclarecer este problema. É impressionante a falta de crença que os clubes apresentam perante a sua formação. Falta de crença, receio ou até nojo. Chamem-lhe o que quiserem, não faz diferença. Ou pelo menos, parece...

Nem com tão fortes argumentos eles são capazes de mudar a sua forma de pensar quanto à formação. "Nós" formamos jogadores como Cristiano Ronaldo, Nani, Ricardo Quaresma, Raúl Meireles, João Moutinho, Fábio Coentrão e até Bruno Alves ou José Bosingwa e pelos vistos, continua a ser pouco. Se me dissessem que há apenas 1 jogador formado em Portugal a ter sucesso na Europa, eu até poderia dizer que é uma excepção. Mas não é um, não são dois nem três. São muito mais do que isso. São muitos casos de sucesso para serem considerados excepções.


Eu não queria estar a entrar em comparações um pouco forçadas, mas a verdade é que hoje em dia mais rápido se dá 10 ou 15 milhões por um jogador sul-americano, do que 3 ou 4 milhões por um jogador português. Ora vejamos, o sul americano, para além de ser mais caro,  vem de uma cultura futebolística totalmente diferente da nossa, não sabe a nossa língua, nunca se ouviu falar e muito menos jogar, e a sua contratação indica sempre algum tempo "desperdiçado" para a adaptação. O jogador português é mais barato, já conhece o nosso futebol, o nosso campeonato, o clube, etc..e não precisa de tempo de adaptação, muito pelo contrário, chega já adaptado à forma de jogar do nosso campeonato.

Há quem diga que apostar na formação é um risco. Mas qual risco? Não pagar nada e ter um jogador já adaptado não é melhor do que comprar caro e ter de esperar que passe o período de adaptação? E não me venham com a história do jogador sul americano ter outra classe, outro toque de bola ou ser mais esforçado. Não, isso não é nada! Aspectos técnicos melhoram-se com os treinos, e quanto ao ser esforçado ou não, não é uma questão de religião ou nacionalidade. Tem a ver com a pessoa...


E agora um assunto mais recente. A contratação de jogadores com 18 ou 17 anos. Mas isto é alguma brincadeira? Já não basta ter de 15 a 20 jogadores estrangeiros no plantel principal, como também vamos começar a ver os escalões de formação com mais jogadores vindos de fora? Que confiança e incentivo poderão ter os jogadores dos escalões mais jovens, quando virem os seus próprios lugares ameaçados por jogadores que nunca cá estiveram? É uma vergonha o que está a acontecer...

E por último, a Liga ZON Sagres. O que é, ou o que poderá vir a ser a Liga ZON Sagres? Liga Portuguesa? Não, claro que não! Quanto muito Liga de Portugal, porque ainda podemos dizer que em Portugal estamos mais portugueses do que pessoas de outras nacionalidades, agora não vamos chegar Liga Portuguesa a um campeonato que tem ou poderá vir a ter mais jogadores estrangeiros do que propriamente portugueses. É uma coisa muito humilhante para um país como o nosso. Um país como o nosso, pela sua história, não merece que uma coisa destas possa acontecer!

É uma questão de mentalidade, sim senhor. Quem pôs na cabeça a ideia de que a aposta no estrangeiro era a melhor opção, que a volte a tirar de lá, porque isto não tem jeito nenhum!

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