Não pode ser o "adeus", tem de ser um até já

SL Benfica players celebrate victory

Ontem o Benfica disse praticamente adeus ao título. Adeus? Não, tem de ser um até já. Toda a poderosa chama benfiquista apaga-se nestes momentos e o problema é que, atendendo aos últimos anos, só faz os senhores levantarem-se para festejar um golo muito tempo depois. É esse mesmo o problema. Nos últimos anos, o Benfica numa situação semelhante tem mostrado tendência para dizer mesmo "adeus" ao título e quase que se pode dizer que se resigna a uma hegemonia do Porto, até que volte a acordar e, quando o faz, os efeitos são instantâneos.

É urgente que tal não se repita. É preciso dizer só um "até já". É preciso que os benfiquistas saiam do café com um sorriso seguro de quem sabe que para o ano é mesmo para voltar a ganhar e que isso não é mais um "clichê" que ridicularizaram nos últimos vinte anos. Tudo começa agora quando se perde o campeonato.


Há que preparar a próxima época sem os erros de casting desta. O mesmo é dizer, precaver bem as saídas para que mais Salvios cheguem mas não com meia pre-temporada cumprida. O mesmo é dizer ser mais realista em algumas situações para que os desempenhos sejam melhores. O mesmo é dizer fazer dinheiro, comprar barato, comprar bem, render muito. Estes devem ser os mandamentos do Benfica na hora de preparar a próxima temporada.

Em termos tácticos, há muito para Jesus analisar. Uma alternativa credível ao 4x4x2 em losango, não vá este transformar-se naquele que Paulo Bento vulgarizou no Sporting e cujas as pontas se tornaram muito pouco afiadas; novas dinâmicas de envolvência entre o lateral e o extremo - o corte entre linhas do extremo está demasiado visto e revisto -; os lançamentos longos sempre para um desvio do central ou do médio defensivo no primeiro poste. Em contrapartida, há que apostar em movimentações como as de Saviola com Aimar e vice-versa, transpor esse exemplo aos restantes elementos do plantel para que o improviso bem feito ganhe contornos de brilhantismo.


Assim, haverá a certeza de que tudo será feito para que não haja um adeus, antes um até já e que, como aconteceu este ano, a época não comece em Dezembro porque, como se viu, nessa altura, com um Porto regular, será certamente tarde demais.

Crónica de Alves Coelho para o "Negócios do Futebol"