Paulo Sérgio 4EVER


Paulo Sérgio está no comando do Sporting desde o princípio da presente época, sucedendo a uma breve passagem de Carlos Carvalhal por Alvalade. E aqui reside e sempre residirá uma questão algo curiosa: até quando ficará Paulo Sérgio no comando técnico do Sporting?

Se recuarmos algum tempo na história recente do emblema leonino, apercebemo-nos de que os seus antecessores, Carlos Carvalhal e Paulo Bento, apesar de também não terem sido capazes de atingir os resultados pretendidos, dificilmente comprometeram a equipa a nível táctico e exibicional da mesma forma que o actual treinador o está a fazer. Falar de estabilidade no Sporting dos dias de hoje e do passado mais próximo é algo complicado; o último título nacional da equipa remonta à época de 2001/02, ao qual se sucedem conquistas esporádicas da Taça de Portugal e da Supertaça Cândido de Oliveira. Quando José Eduardo Bettencourt sucedeu a Filipe Soares Franco na presidência, a sua atitude perante o treinador, Paulo Bento, foi decidida: com ele, Paulo Bento era "4EVER". A verdade é que os sucessivos segundos lugares alcançados levaram a que Bento se fosse mesmo embora em 2009, para ser substituído por Carlos Carvalhal.



A verdadeira incógnita veio no decorrer desta mudança, que apesar do voto de confiança parecia inevitável: quando assumiu o cargo, Carvalhal foi oficialmente dado como um treinador a prazo. Independentemente dos resultados que poderia alcançar, acabou por saber da presidência que não permaneceria mais do que a restante temporada no Sporting. Pode dizer-se que a "borrada" teve início aqui. Não é de esperar que um superior anuncie ao mundo que um dos mais importantes membros na estrutura da equipa está a cumprir calendário até que a temporada termine. A motivação interessa tanto a jogadores como ao treinador para alcançar objectivos. Regressando agora à actualidade do clube, Paulo Sérgio, apesar da aparente falta de escrúpulos do presidente, mantém-se firme e hirto no comando da equipa, sem que os resultados (ou falta deles) levem sequer a que algum dirigente questione o treinador. A mudança de atitude pode muito ter resultado das críticas feitas aquando da saída de Carvalhal, mas parece que a capacidade de discernimento de Bettencourt não, de todo, a melhor.

Quem via o Sporting de Carvalhal e o compara agora com o de Paulo Sérgio, provavelmente não terá dúvidas em afirmar que seria preferível ter o tal treinador a prazo por mais tempo do que o forcado. Então porque não foi ainda Paulo Sérgio demitido? Pelo andar da carruagem, o Sporting encaminha-se para uma posição ainda mais baixa do que o quarto lugar da época transacta, mantendo-se apenas na corrida pela Taça da Liga (e pela Liga Europa). Até à data, com 19 jogos realizados, o Sporting tem um total de 33 pontos (menos 20 que o líder FC Porto), aos quais correspondem 9 vitórias, 6 empates e 4 derrotas. O Estádio de Alvalade é, nos dias de hoje, tudo menos uma "fortaleza": em casa, o Sporting consegue jogar menos do que fora - em 9 jogos, alcançou 13 pontos. E, no entanto, porque continua Paulo Sérgio? Obviamente sem condições para prosseguir, e com eleições à porta, é quase inevitável profetizar uma saída próxima para o treinador, que a cada jogo que passa demonstra claramente não ter estofo para os grandes. Embora nem tudo seja, como é óbvio, culpa dele, a verdade é que falta liderança no banco leonino; todos os jogos se assiste a um Sporting frouxo dentro e fora do relvado, e pior, a um treinador incapaz de mudar o rumo dos acontecimentos, estagnado, resignado ao insucesso (ou, porque não dizê-lo, resignado ao fracasso). A "maldição" do cargo desde que Bento saiu persiste, e com isto sofre o Sporting e o campeonato, que neste momento tem apenas dois grandes a competir pelo título.



Questionar-se-á se a saída de Paulo Bento foi a decisão mais acertada a tomar. Apesar de não vencer, o Sporting mantinha alguma qualidade, alguma consistência exibicional, ao contrário do que está à vista agora: uma equipa desmoralizada, triste, animicamente desfeita. Seria importante ter uma equipa com garra, principalmente nas competições europeias, onde é também Portugal que vai a jogo. Os problemas na presidência têm a influência que têm sobre uma equipa completamente desmotivada e partida, que viu inclusivamente o seu maior símbolo da história recente abandonar o barco por decisão superior. A falta de liderança e de uma voz de comando leva às consequentes exibições como a de ontem, diante da Olhanense, onde se pôde ver a desorganização que prima no Sporting; um Postiga a fazer as vezes de Liedson, e atrás dele mais 10 a jogar a passo, sem imaginação, que em dois minutos foram capazes de perder uma vantagem de dois golos. No banco, uma figura preocupada, hesitante, que, quando finalmente decidiu intervir, foi para se "lançar" ao árbitro da partida para ser expulso (embora com alguma razão nos protestos). O melhor que pode acontecer a este Sporting é mesmo o fim da época.