Águias abatidas pelas espadas dos guerreiros


Em jeito de provocação, membros do Benfica tinham apelado aos seus jogadores para que, no Minho, fossem eles os verdadeiros guerreiros. Ora, talvez tocados pelo facto de os encarnados quererem roubar a alcunha, o Braga subiu ao Estádio AXA com claras intenções de mostrar que na arte de lutar não haverá outros semelhantes sequer aos minhotos. Um tiro único de Custódio foi o suficiente para abater todas as "águias" que preparavam já um voo para Londres.

Jorge Jesus tinha referido que este Benfica dificilmente não marcaria um golo. Pois bem, a verdade é que também já sofre há 16 jogos - agora dezassete - e marcar foi, esta noite, impossível, não por falta de tentativas, mas porque a organização defensiva do Braga se superiorizava, ou, então, o talento de Artur. O treinador do Benfica colocou em campo o "onze" espectável; já Domingos Paciência surpreendeu ao apostar em Mossoró no apoio ao "trio" da frente, esse o do costume, Alan, Lima e Meyong. A postura que o Benfica adoptou nos primeiros minutos, teve o condão de Jorge Jesus. O experiente técnico tratou de passar uma imagem camuflada de que a eliminatória estava mais fácil do que parecia. Puro erro. O excesso de confiança apoderou-se das "águias", contrastando com a "revolta" bracarense.


De forma quase que natural, o Braga adiantou-se no marcador, perante a apatia encarnada. A jogada foi totalmente feita por elementos que já sabem o que é uma final: Hugo Viana marcou o canto a que Custódio respondeu da melhor forma. Com a batata quente agora nas mãos, o Benfica foi em busca da vantagem na eliminatória e teve duas oportunidades para o fazer. Na segunda, a mais flagrante, Saviola atirou ao poste.

No segundo tempo, Jesus lançou Jara em campo - pouco mais podia fazer no seu banco - e o argentino trouxe alguma alma à equipa. Mas aí sobressaiu o talento de Artur Moraes. O guardião brasileiro, que até foi sombra durante muito tempo, tem agora o seu lugar ao sol, mas lutou por ele, conforme se vê por defesas como as que fez. Primeiro com uma saída muito corajosa aos pés de Coentrão, não dando tempo de reacção ao velocista esquerdino. Depois com uma defesa fantástica a remate à entrada da área. Já à entrada para os últimos minutos, Kardec já estaria a levantar os braços, o brasileiro iria tornar-se outra vez herói de uma eliminatória benfiquista, mas Paulão fez questão de mostrar porque é que não tem o aumentativo apenas pela sua envergadura e cortou o lance em cima da linha. No final do encontro, ganhou a equipa que menos se considerou "favorita" à vitória na Liga Europa, sem sequer ultrapassar as meias-finais.