Enquanto as máquinas vão funcionando no Benfica


O Benfica é um caso de estudo. No espaço de uma época, os encarnados passaram de um futebol encantador para um que se vale de rasgos geniais de individualidades. O dilema é que às vezes "essas máquinas" podem estar com algum problema durante um dia e o estado débil do Benfica volta ao de cima.



A desculpa até pode estar na venda dos homens que ocupavam o lado direito e esquerdo do losango é verdade. Mas, se for esse o caso, então surge uma pergunta ainda mais pertinente na minha mente e possivelmente na de muitos benfiquistas: Até que ponto foi planeada a época 2010/2011? É que é uma realidade que Di María e Ramires estavam em alta no final do último campeonato, logo, fazendo um rápido exame, facilmente se conclui que a possibilidade de surgir uma proposta que convencesse a SAD encarnada era grande. Então, já que a ideia era manter o esquema táctico, dever-se-ia ter contratado jogadores com as mesmas particularidades do internacional argentino e do "queniano". Em vez disso contratou-se um atleta - que tem muito para dar ao futebol, não é isso que está em causa - que não sabe jogar pelas alas como fazia Di María, antes procura áreas interiores e um "remendo" para uma época chamado Salvio.

O resultado é que a equipa acaba muito dependente daquilo que Aimar, Coentrão ou Carlos Martins podem fazer - e muito têm já eles feito. Este losango do Benfica é em tudo semelhante àquele de Paulo Bento que, de tanto insistir nele - como está a fazer Jorge Jesus - já nauseava. Há duas opções: ou se altera o sistema táctico - o que, na altura em que estamos, era algo bastante crítico -, adequando-o aos jogadores do plantel do Benfica (mais capazes de jogar pelo meio do que de ir à linha), ou se espera até que chegue Janeiro com este sistema, respirando pouco a pouco, e se reforça o plantel com extremos puros. Certo é que, muito mais tempo nesta situação, pode ser prejudicial para as almas do Benfica. É que se é verdade que a "Águia" já leva cinco jogos a voar, não é menos verdade que nem todos foram jogos de encher o olho, nem pouco mais ou menos, ou seja, algo de muito profundo se alterou.

Nota final para Roberto Jiménez: o guarda-redes do Benfica, sempre acarinhado, pelos adeptos e corpo do Benfica, há muito que vem retribuindo a confiança, merecendo, em alguns jogos a classificação de "salva-honras", conforme o que aconteceu em Lyon. O espanhol cresceu pouco-a-pouco à medida que se ambientou a uma grande realidade e os muitos erros que tinha inicialmente apagou-os com facilidade com o muito brilho que agora exibe.