Olhar sobre o Benfica


Finalmente o Benfica mostrou o futebol que todos esperavam ver esta época. Não é pelo resultado que digo isto mas sim pela exibição e atitude que a equipa teve mesmo quando jogou em inferioridade numérica. Ainda antes do primeiro golo deu logo para perceber que este sim era o Benfica campeão. Muita pressão, agressividade com e sem bola, tabelas sucessivas entre os jogadores, equipa compacta… este sim é o Benfica em que acredito, este é o Benfica que pode voltar a conquistar adeptos do bom futebol e principalmente conquistar títulos.

Claro que isto não seria possível se Jesus não assumisse os erros que vinha cometendo, nunca o fez no discurso que transmitiu “para fora” mas assumiu-os neste jogo ao corrigi-los. Referi no último texto o erro que era continuar a insistir em Roberto e, apesar de no discurso dizer vezes sem conta que tinha confiança no guarda-redes, Jesus acabou por assumir o erro ao colocá-lo no banco. É engraçado como essa opção pode ter resultado num golpe de génio e de sorte pois o penalti defendido e a ausência de golos sofridos podem ter fornecido a Roberto a dose de confiança que precisava e a expulsão de Júlio César o pretexto para voltar a confiar a baliza ao espanhol. Ou seja, Jesus conseguiu em menos de um jogo voltar a pôr os índices de confiança em cima e ainda justificar a continuidade de Roberto como titular. Espero que este seja o “empurrão” que o espanhol precisa para assumir com sucesso a baliza do Benfica pois, apesar de 8,5 milhões me parecerem exagerados e a história desta transferência muito mal contada, também vejo potencial neste guarda-redes e acredito que não foi contratado totalmente às cegas. Houve outro erro que Jesus corrigiu que foi o das bolas paradas. A falta de humildade que tinha demonstrado ao desvalorizar pequenos detalhes como este e ao optar pelo caminho mais fácil em detrimento das suas próprias ideias também foi corrigida e o treinador voltou a impor a marcação à zona, desta vez bem rotinada e com os espíritos de entreajuda e concentração bem patentes.


Só existe um problema por resolver que é a distância que nos separa do Braga e do Porto e, supondo que estes cometerão mais ou menos o mesmo número de deslizes que o Benfica, esta situação irá obrigar o campeão a ganhar aos seus adversários directos, que já levam vantagem no bom estado anímico que essa distância garante.

No entanto, quero deixar aqui a ideia de que, este ano, o plantel parece estar bastante mais forte que o ano anterior. É certo que perdemos Dí Maria e Ramires, mas em compensação entraram muito mais jogadores e alguns com bastante potencial, em especial Gaitán, Jara e Salvio. Esta característica é muito importante e Jesus já demonstrou que tem uma grande capacidade de transformar potencial em qualidade e talento permanentes. Veja-se o caso de Dí Maria, que nas épocas anteriores a JJ não revelava mais que apenas potencial, com exibições muito apagadas que iam mostrando a espaços a qualidade que poderia vir a ter.

Esperemos que esta vitória seja o início de uma grande época e que, daqui para a frente, o nível da equipa venha sempre a crescer pois a liga dos campeões não tarda a começar e aí não há margem para erros nem para desculpas.

Texto de André Ferreira para o Negócios do Futebol