Quem és tu, Benfica?

Nicolás Gaitán (SL Benfica) & João Rocha Ribeiro (Vitória SC)

Ao quarto jogo na Liga ZON-Sagres, o Benfica não conseguiu ainda encontrar uma identidade e, assim, responder à pergunta que abriu este artigo. Os encarnados deslocaram-se à cidade Berço e de lá saíram com uma derrota por duas bolas a uma num jogo disputado com grande intensidade e que terá, certamente, agradado aqueles que pagaram bilhete para ver ao vivo o encontro.

Jorge Jesus lançou Fábio Coentrão e Gaitán no lado esquerdo, colocando Carlos Martins no lado direito do losango do meio-campo, mas quem entrou melhor foi o Guimarães que, aos 30 segundos, num remate pronto de João Ribeiro, a figura da partida, poderia ter aberto a contagem. O Benfica tentava sacudir a pressão alta inicial feita pelo Guimarães e que ganhava especial ênfase quando a bola entrava em David Luiz ou em Javi García. O resultado era que apenas de bola parada os encarnados conseguiam incomodar Nilson. Do lado vimaranense, Toscano, Edson, João Ribeiro e Edgar punham o sector defensivo do Benfica em grandes apuros e foi precisamente numa dessa jogada que sublinhou a força anímica destes homens de ataque do Guimarães que nasceu o primeiro golo.


Nicolás Gaitán (SL Benfica) & Marcelo Toscano (Vitória SC)

Toscano recuperou uma bola no meio campo e executou um belo passe para João Ribeiro na direita. O internacional sub-21 português centrou e a bola encontrou, do outro lado, Edgar, que picou a bola por cima de Roberto para primeira explosão de alegria no D. Afonso Henriques. O golo motivou ainda mais os minhotos. Contudo, o Benfica começava a crescer, lentamente. E se antes só em lances de bola parada conseguia criar perigo, quando os campeões em título conseguiram empatar, não foi diferente. Canto na esquerda, Nilson deixa a bola escapar de forma clamorosa e Saviola, como é sua imagem de marca, aproveitou a bola perdida para dar o empate ao Benfica. E, assim, o resultado ia para intervalo.

Carlos Martins e Edson

Na segunda parte o Guimarães deu a iniciativa de jogo ao Benfica, apostando mais em transições rápidas, e os encarnados não se fizeram de rogados. Partiram para cima do adversário, subiram a defesa, em busca de emendar o prejuízo. Manuel Machado havia, entretanto, colocado Rui Miguel e Flávio Meireles em campo para segurar mais e melhor a bola no meio-campo. Ainda assim, o Benfica ia criando perigo efectivo. As saídas de Carlos Martins e Gaitán para as entradas de Jara e Peixoto não surtiram o efeito desejado, mas, César Peixoto, após passe magistral de Saviola - sempre ele no lado dos visitantes - iria ter a melhor oportunidade do Benfica na segunda parte.

Fábio Coentrão e Edgar

Só que em futebol aplica-se na perfeição a máxima de "quem não marca sofre" e foi o que aconteceu. Não obstante o caudal ofensivo do Benfica, foi o Guimarães quem chegou ao golo da vitória, aos 82 minutos. Bruno Teles centrou na esquerda para uma excelente antecipação do até aí apagado Rui Miguel que, num grande golpe de cabeça, levou Guimarães ao delírio. O jogo terminou com expressões opostas. De um lado a saudação de pé por parte dos adeptos do Vitória que, assim, voltaram a viver grandes noites. Do outro lado os seguidores benfiquistas, pesarosos, conscientes de que uma vitória de Braga ou de Porto nesta jornada coloca "os melhores" a uma distância importante da frente da tabela.