Carlos Queiroz pondera queixa-crime contra ADoP


O inquérito oficial instaurado pela Autoridade Antidopagem de Portugal a Carlos Queiroz foi iniciado a 2 de Julho, dias após o jogo dos oitavos-de-final do Mundial-2010, que Portugal perdeu com Espanha. O antigo seleccionador nacional, que acredita que o objectivo passou então a ser afastá-lo do cargo, questiona as datas do processo.

Em entrevista à RTP, Carlos Queiroz afirmou mesmo que está a ponderar uma queixa-crime contra a ADoP, por alegada ilegalidade na condução do processo. Em causa estão relatórios suplementares que disse terem sido entregues a 2 de Julho com data de 16 de Maio – que foi quando ocorreu o incidente de que é acusado, durante um controlo anti-doping, na Covilhã. Carlos Queiroz asseverou que nos primeiros relatórios não é referida qualquer perturbação. Acresce que o processo dá os médicos como ouvidos, todos, a 5 de Julho. No entanto, o inquiridor pede os nomes dos clínicos ao presidente da ADoP no dia 7 do mesmo mês. Luís Horta responde sobre a identidade dos médicos a 9 de Julho.

«Inicialmente, o processo não continha nenhuma referência a qualquer perturbação de um controlo antidoping. Aliás, a palavra perturbação nem aparecia no processo. Não tenho dúvida que houve uma viciação na construção da acusação que me é feita», contou. «Houve uma instrumentalização da matéria em causa», afirmou. «Estamos a ponderar fazer uma queixa-crime», anunciou Carlos Queiroz, que acusou o secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, de ter conduzido, «ele próprio», o processo. O ex-seleccionador frisou que não tem «dúvidas nenhumas» de que o objectivo era o seu despedimento.

Carlos Queiroz revelou ainda que já entrou no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS, na sigla francesa) um pedido que visa o embargo da decisão da pena de seis meses de suspensão de que é alvo. Neste momento, está a terminar o mês de suspensão que lhe foi imposto pelo Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol. «O meu lugar não é aqui, em Portugal», desabafou ainda o treinador, quando questionado sobre o seu futuro. Carlos Queiroz revelou que, antes de ser despedido e quando este processo já decorria, recebeu convites para treinar as selecções do Japão e do Qatar, e o Fulham, da Premier League.