Benfica entra a vencer na Liga Milionária


A mudança de cenário da Liga para a Champions era uma oportunidade que o Benfica não podia deixar escapar para voltar a pôr-se de pé e deixar para trás das costas um início de temporada tão negativo como inesperado. Não o fez de forma convincente, deixou ainda escapar alguns indícios dos muitos traumas de que tem sofrido, mas frente ao Hapoel Tel Aviv conseguiu o essencial: estreou-se na fase de grupos com uma vitória (2-0) que pode vir a ser um bálsamo para os males que o apoquentam e um estímulo para o próximo jogo com o Sporting.

Jorge Jesus manteve intacta a confiança na equipa que perdeu em Guimarães, trocando apenas Maxi por Ruben Amorim. O jogo começou tenso, com marcações cerradas de parte a parte, poucos espaços, mas maior ascendente do Benfica que procurava fechar o adversário sobre o seu meio-campo. O Hapoel defendia de forma disciplinada, fechando bem os corredores e procurando libertar-se das correias com passes em profundidade, quase sempre sem problemas para a defesa encarnada. Com o cerco montado, o Benfica procurava abrir brechas com passes na vertical e rápidas invasões à área Enyeama. A primeira vez que o Hapoel conseguiu entrar na área de Roberto, Luisão teve de recorrer aos braços para travar Schechter e terá ficado uma grande penalidade por marcar. Mas era o Benfica que mandava no jogo, com Aimar em bom plano a procurar desequilíbrios, bem apoiado por Gaitan e Carlos Martins. O primeiro golo acabou por chegar, aos 21 minutos, numa jogada de laboratório: Aimar, na marcação de um canto na esquerda, atirou para o lado contrário, para um espaço de vazio para onde correu Carlos Martins para cruzar para o interior da área onde Luisão desviou de primeira para as redes. A defesa do Hapoel, bem organizada até aqui, não esperava esta conjugação de movimentos e abriu pela primeira vez o flanco.

O Hapoel reagiu de pronto permitindo a Roberto brilhar. Primeiro com uma defesa apertada e a dois tempos a um remate de Vermouth, depois com uma saída ousada fora da área para desarmar Sahar. O espanhol, que já tinha marcado pontos frente ao V. Setúbal, voltava a recolher aplausos a caminho da redenção. Mas o Benfica estava agora mais sereno, mas confiante, trocava melhor a bola e deixava pouco jogo para os israelitas que, até ao intervalo, não voltaram a incomodar Roberto.


A segunda parte começou mais aberta e com mais espaços e o Hapoel a conseguir o primeiro sinal de perigo com Vermouth a surgir na zona central e a tentar picar a bola sobre Roberto. O Benfica respondeu de imediato com mais um belo trabalho rendilhado de Aimar que ofereceu o segundo golo a Cardozo. O paraguaio, em noite infeliz, atirou de bico por cima da trave e foi brindado com intensos assobios pelo tribunal da Luz. Seguiram-se os ajustamentos dos treinadores, com Jesus a avançar Ruben Amorim para o meio-campo com a entrada de Maxi e a saída de Gaitan. Eli Gutman trocou apenas de avançados e saiu a perder. O Benfica voltou a pegar no jogo, a fechar os israelitas no seu meio-campo e chegou ao segundo golo num rápido contra-ataque com Maxi a descair da direita para o centro e a fuzilar Enyeama que aparou a bomba para os pés de Cardozo que só teve de encostar. O paraguaio não esqueceu os assobios e mandou calar os adeptos, levando o indicador ao nariz para ouvir mais uma enorme assobiadela entre os aplausos do golo.

Ainda a bola não tinha entrado nas redes pela segunda vez e Aimar já tinha levantado o braço e dito a Jesus que não dava mais. Entrou Airton para segurar o jogo ao lado de Javi Garcia. Tamuz ainda rematou ao poste, mas a vitória do Benfica não merece contestação, apesar de estar ainda a anos-luz da equipa que nos habituámos a ver na temporada passada. O Benfica parte, assim, convalescente, mas com alguns sinais de melhoria, para o derby com Sporting, marcado para o próximo domingo. in Maisfutebol