31 selecções e 23 concorrentes de "Big Brother"

Desculpem-me desde já a publicidade ao programa que lá por fora faz furor mas a tendência é grande. A África do Sul até pode ser encarado como um cenário de sonho para realizar o dito reality show, mas quero acreditar que os visados não quereriam ser apelidados como sendo concorrentes do concurso. A Inglaterra teima em mostrar Mundial após Mundial todo o seu showbiz e, quando se lembra que o Mundial era de futebol, parece já ser tarde. Estava mesmo a ver-se ainda antes de começar o "Sonho Africano" que pouco ou nada mudara nos ingleses.

A campanha de qualificação serviu apenas para esconder o cerne daquela equipa: 23 actores de um qualquer filme futebolístico que trocam a terra, a relva, a virilidade (qb) que deve ter um futebolista, por umas declarações explosivas, por provocações, traições e mais uma capa de revista sensacionalista. O reputadíssimo Fabio Capello veio meramente envolver num pano essa vertente inglesa, mas seriam precisos bastantes mais "Capellos" a orientar a turma de meninos para conseguir algum rigor. Mas tirem-lhes os escândalos, tirem-lhes os escândalos e eles sentir-se-ão vazios. E nenhum sector de equipa escapa, desde Terry na defesa que criticou mais do que abertamente o balneário inglês - que o mesmo se encarregou de danificar - até Rooney, no ataque, que no fim de um jogo paupérrimo no Mundial critica os adeptos por se mostrarem insatisfeitos com a "prestação" dos seus jogadores.

Há de novo algo que se repete a cada quatro anos - quando há campeonato do Mundo. Vemos os ingleses aterrar com o pescoço levantado, observando tudo o que os rodeia com a altivez de "superpotência", apoiados em adeptos que, de cerveja na mão esquerda e filho na mão direita, exaltam a "Rosa", perdigotando microfones de directos televisivos ou radiofónicos com "England is the best!". Mais favoritos serão ainda, os meninos, por serem um grupo brilliant de jogadores (os mesmos que caíram frente a Portugal no Mundial 2006), verdadeiramente imbatíveis...em presunção. É verdade! Esta selecção inglesa é de facto a melhor, mas apenas em parâmetros de presunção.

Os primeiros dois jogos encarregaram-se de mostrar isso mesmo: eles não são assim tão bons. Mas havia que inverter essa tendência e a obrigação de pelo menos conseguir os "oitavos" foi conseguida com uma vitória tangencial. Eram de novo os melhores: o 2º lugar num grupo que contava com as poderosíssimas Argélia e Eslovénia - perdoem-me a falta de consideração - e a não menos tenebrosa selecção americana. Eles são de facto os melhores.

Os oitavos seria, como era de esperar, a morte dos ingleses. A Alemanha era a adversária, uma equipa demasiado...equipa para a Inglaterra. Nunca os boys conseguiriam mostrar aos germânicos o seu tão anunciado poderio e, apesar do erro grosseiro do senhor Larrionda, seria maior a injustiça de continuar a ver mais edições de Big Brother. Müller e companhia é que não estiveram com meias medidas e quiseram tirar o programa da grelha de programação do Mundial. Acabou o Big Brother South Africa com 23 vencedores, acabou o Mundial da África do Sul - para a Inglaterra entenda-se - com 23 perdedores.