Sonho de equipa...Pesadelo de época

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Futebolês: por Ricardo Costa
A chegada de Florentino Pérez ao Real Madrid, em 2000, prometeu fazer furor. O presidente blanco prometeu contratar os melhores. Um deles era Luís Figo, ídolo em Barcelona. Nenhum outro demonstrara tamanho arrojo. A confirmação da contratação do jogador português, para sempre uma traição na Catalunha, iniciou a era galáctica. O investimento de Pérez continuaria com as aquisições de Zidane e Ronaldo (2001 e 2002, respectivamente), culminando com a compra de David Beckham ao Manchester United. Florentino Pérez compôs um plantel de luxo em Madrid, uma ambição natural para qualquer treinador. A ideia passava por juntar os melhores do planeta e erguer um monstro do futebol mundial. Uma equipa capaz de lutar por tudo, vencer e deixar a sua marca bem patente na História. O sucesso chegou com dois campeonatos espanhóis e uma Liga dos Campeões. O novo milénio começou da melhor forma.

O futebol traz glória, logo após decepção. Vieram os maus resultados, a cobrança subiu, a ansiedade apoderou-se. Com ela chegou a derrocada. Vicente del Bosque foi o treinador que melhor rendimento conseguiu do Real Madrid. Com ele, os merengues de Florentino Pérez somaram títulos: dois campeonatos, Liga dos Campeões e, por via disso, também uma Supertaça europeia e uma Taça Intercontinental. O presidente, contudo, quis algo mais. Del Bosque, um treinador mitificado em Madrid, terminou a sua ligação com o clube. O fim do técnico espanhol à frente do Real coincidiu com o início da decadência dos Galácticos. Carlos Queiroz, Jose Antonio Camacho e Vanderlei Luxemburgo foram treinadores contratados para voltarem a colocar as estrelas no caminho certo. Nenhum deles conseguiu devolver o campeonato ou reconquistar a Liga dos Campeões. Ficaram-se por conquistas de troféus internos. Pouco.

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Florentino Pérez acabou por se demitir da presidência. Os Galácticos abandonaram Madrid. Entrou Ramón Calderón. Sem fortunas para investir. Apostou no pragmatismo, na eficiência, na simplicidade. Se isso é possível num clube como o Real Madrid. Identificou os alvos e apostou. Nos três anos em que Calderón esteve à frente dos destinos merengues, entre 2006 e 2009, o clube venceu dois campeonatos e uma Supertaça de Espanha. Não foi uma equipa brilhante, longe disso, existiram conflitos, o futebol da equipa de Fabio Capello e Bernd Schuster, este no ano da segunda conquista, nunca impressionaram. Mas o Real Madrid conseguiu superiorizar-se e aproveitar da melhor forma o início do ciclo descendente do Barcelona de Frank Rijkaard. Mas o Barça apostou em Pep Guardiola para lhe devolver a glória. Tudo se alterou. A Catalunha voltou a ser demasiado forte. O futebol é belo por ser inexplicável.

O Barcelona foi triunfante em 2009, teve o seu ano de ouro, renasceu. Mais do que isso: mostrou uma força descomunal, jogando futebol belo consagrado com a conquista de todas as provas em que participou. Florentino Pérez sentiu necessidade de voltar a tomar o comando do Real Madrid. Trouxe a carteira recheada, dinheiro na mão, milhões e milhões para ele e Jorge Valdano, director-desportivo, investirem. Chegou Cristiano Ronaldo por noventa e quatro milhões de euros, Kaká por sessenta e cinco, Benzema por trinta e cinco. Foram os mais caros. Mas, para além dessas verdadeiras loucuras, ainda entraram jogadores com Xabi Alonso ou Arbeloa no Santiago Bernabéu. O Real construiu uma equipa de sonho. E entregou-a a Manuel Pellegrini, treinador chileno com provas dadas no Villareal. Mourinho continuara em Itália, Wenger não quis abandonar o projecto que comanda no Arsenal. Pellegrini foi uma boa escolha? Nem por isso.

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Actualmente, o Real Madrid apenas tem o campeonato para conquistar. Falhou por completo na Liga dos Campeões, onde depositou esperanças de voltar a conquistar a Europa, até porque a final será disputada no Bernabéu, caindo aos pés do Olympique de Lyon nos oitavos-de-final. Bem antes disso deixara, pela porta dos fundos, a Taça do Rei, perdendo, imagine-se, ante o Alcorcón, equipa modestíssima que milita no terceiro escalão. O campeonato é, por isso, a salvação da época de uma equipa de sonho. Neste momento, com um jogo a menos, os merengues têm quatro pontos de atraso para o Barcelona - que empatou, ontem, ante o Espanhol. Caso vençam o Valencia, relançam a luta. No meio de tantas estrelas - e isto sem chauvinismo -, é Cristiano Ronaldo quem mais se destaca. Ante o Barça, numa vitória categórica da equipa de Guardiola, foi o português quem mais tentou. Até porque Kaká está lesionado e Benzema é suplente!...