Seis. O número de jornadas que separam o Benfica do título, cinco anos depois, uma conquista anunciada e próxima como nunca no passado recente. E o número de pontos que serve de almofada aos benfiquistas e trava o sonho do Sp.Braga em concretizar a sua melhor época de sempre com um inédito triunfo no campeonato nacional. Por tudo aquilo que fez nas vinte e três jornadas que se disputaram, pelo momento que vive, dificilmente o título fugirá ao Benfica. O jogo de ontem, considerado como sendo decisivo, poderá ter uma importância crucial. Será o jogo-chave se os encarnados conseguirem manter a distância alcançada, se aproveitarem a margem que têm, embora sem nunca poderem festejar por antecipação. O Benfica está próximo de ser o futuro campeão nacional, é incontornável. Contudo, terá de se manter em alerta máximo.
Ao Sp.Braga fica, após a derrota na Luz, uma consolação: mantém a vantagem no confronto directo com os encarnados. Pode não valer de muito, é certo, mas também poderá fazer toda a diferença. Em caso de empate pontual, os bracarenses saem por cima. As próximas seis jornadas, longas para o líder e um espaço demasiado diminuto para o perseguidor, terão de ser atípicas para que o Benfica ceda, pelo menos, duas derrotas. Tem jogos complicados, entre eles com o Sporting, em casa, e com o FC Porto, fora, mas não é crível que falhe num momento em que dispõe de todas as premissas para ser bem sucedido. Seria necessário, para além dos tropeções do líder, uma série de seis jogos verdadeiramente perfeitos por parte do Sp.Braga. Não é impossível, mas é improvável. No entanto, nenhum guerreiro baixa a guarda.
Benfica e Sp.Braga estão no topo por mérito próprio, não é ao acaso que discutem o título, são actualmente as duas melhores equipas nacionais. Está longe de ser uma surpresa, contudo o jogo de ontem fez questão de o deixar bem vincado. Mesmo não sendo um jogo de deslumbrar, teve grande emoção e intensidade, apostas dos treinadores, vontade de ganhar. Qualquer uma das equipas percebeu a importância que esta partida poderá ter nas contas finais do campeonato. O Benfica, favorito por jogar em casa, por ter mais recursos e por viver uma fase de extrema motivação, estaria sempre mais próximo da vitória. Percebeu-se desde o primeiro minuto. O Sp.Braga interiorizou que seria suicídio entrar na Luz com descaramento total, preferiu servir-se da sua grande força: a coesão defensiva.
O golo do Benfica surgiu num momento crucial. Marcar mesmo em cima do intervalo, no período de descontos, é um contributo fundamental para tranquilizar a equipa para a segunda parte e, com isso, obrigar o adversário a apostar no recomeço. A importância do jogo, sempre com emoções fortes, eleva o relevo que o tento de Luisão teve. O Benfica partiu para a segunda parte mais confiante, com um golo de vantagem, teve oportunidades para ficar mais confortável no marcador. Seria uma machadada final. Não o conseguiu. Domingos Paciência, primeiro obrigado pela lesão de Mossoró que o fez lançar Luís Aguiar, depois por sua opção jogando Matheus e Rafael Bastos como trunfos em substituição dos apagados Rentería e Hugo Viana - a equipa sentiu a falta do criativo -, modificou a forma de jogar do Sp.Braga.
Com as alterações efectuadas, o jogo da equipa bracarense melhorou de forma substancial: tirou a posse de bola ao Benfica, conseguiu avançar no terreno, obrigou os encarnados a concentração máxima para impedir que a resposta ganhasse forma. Também Jorge Jesus leu bem o jogo. Lançou Aimar, depois Rúben Amorim: duas apostas para voltar a ter bola, deixar o jogo em ritmo baixo, diminuir a intensidade e não dar espaços para os bracarenses explorarem a rapidez de Alan e Matheus. Tanto Domingos como Jesus estiveram bem nas alterações e na forma como, cada um com os seus interesses, fizeram entrar jogadores frescos. O Sp.Braga,porém, apesar da subida registada, mantinha as dificuldades para chegar com perigo à baliza de Quim. Não virou a cara à luta, deixou uma boa réplica, deu seguimento ao campeonato que tem feito. Mas o Benfica já marcara. E, já se sabe, raramente deixa a vantagem fugir...
Texto de Ricardo Costa para o Negócios do Futebol
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