Geração Benfica


Desde já as minhas desculpas pela ausência da crónica do GB na semana passada, mas infelizmente estive impossbilitado por motivos profissionais. Eu bem tento não trabalhar, mas às vezes tem mesmo de ser.... ehehhe!


Esta semana o que vos trago é o mesmo assunto que tem dominado o Blog GeraçãoBenfica nos últimos dias - os camiões de jogadores para a Luz. Todos os anos somos "brindados" com jogadores jovens 19/20 anos a caminho da Luz, rotulados como potenciais craques. Desde substitutos do Javi Garcia, até novos Jardel... há de tudo.

O meu ponto de vista em relação a estas contratações é assente em dois grandes vectores:

- Jogadores oriundos do mercado sul americano - especialmente brasileiro - onde o futebol é manifestamente diferente (mais lento e com menos pressão) do que o Europeu.

- Jogadores que apresentam algum potencial de evolução no futebol e cuja carreira é gerida por empresários de topo bem relacionados na Europa.

Airton, aqui a disputar a bola com Ronaldo, vai ser do Benfica (foto D.R.)

Ora, tipicamente estes jogadores são "promovidos" na Europa, suportados no ainda parco potencial que já demonstraram e que de alguma forma os distinguiu dos demais jogadores. Os valores de aquisição destas estrelas em potencia variam entre 1M€ e 3M€... sob promessa dos empresários de em dois anos estarem a ser cobiçados pelos colossos da Europa por 20 ou 30M€.

São mais que muitos os casos de sul americanos que nunca chegaram efectivamente a comprovar esse estatuto de estrelas em potencia e acabaram por regressar à América Latina para se estabelecerem como jogadores acima da média nesses campeonatos.

Para estes "craques" eu costumo usar o que chamo a "formula DiMaria":
Não conheço nenhum grande jogador oriundo desses mercados que tenha atingido uma dimensão "galáctica" que tenha chegado à Europa por um ou dois milhões de euros. Mesmo o caso mais emblemático entre os benfiquistas (David Luiz) custou 2M€ por 50% do passe. Ou seja, 4M€... e ainda ninguém sequer o conhecia aos 19 anos.

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Assim, quando vejo jogadores já medianamente conhecidos como Menezes, Kardec, Airton, etc chegarem a Portugal por 1M€, 2M€... é sempre muito de desconfiar.

Olhemos para os casos de sucesso: Diego (5M€), Fabiano (7M€), Anderson (7,5M€), Ramires (7,5M€)... e ainda temos outros como Breno (Bayern), Marcelo (Real Madrid), etc. que sairam por valores astronómicos.

Pelo caminho ficam jogadores como Renato Augusto, Carlos Eduardo, etc. que sairam para clubes de media e pequena dimensão e tardam em aparecer.

No Blog GeraçãoBenfica fiz ontem uma análise que mostrava a idade em que os clubes portugueses apostaram em valores do presente e do passado como Rui Costa, Futre, Figo, Manuel Fernandes, Joao V Pinto, Vitor Baia, Chalana, Humberto Coelho, Moreira, Quaresma, Ronaldo, Simão, etc.. Sabem a conclusão a que cheguei... quem apareceu na
primeira equipa mais tarde foi Vitor Baia, com 19 anos, o que é natural dado tratar-se de um guarda-redes.

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Há uns quatro anos atrás, Benfica e FCPorto decidiram tentar reverter o domínio do Sporting na formação de jogadores. Os azuis lançaram o Projecto Visão 611 que apontava para entre 2006 e 2011 todos os anos os FCPorto ter condições para colocar no plantel 3 jogadores formados
nos escalões do Clube. O sucesso está ainda um pouco longe do desejado, mas está mais próximo da realidade com jogadores como Castro, Ukra, Sergio Oliveira, Nuno Coelho, Ventura, André Pinto, etc.

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No Benfica desta investimento na formação com o "Projecto AntónioCarraça" nasceram apostas - em grande parte nacionais - como Miguel Victor, Roderick Miranda, Mario Rui, Romeu Ribeiro, André Carvalhas, David Simão, Leandro Pimenta, Nelson Oliveira, Miguel Rosa, André Soares, Yartey, etc. Desde então, os mais seguros valores têm aparecido especialmente vindos de fora como Evandro Brandão, Jean Silva, Diego Lopes... um passo atrás?

Em Alvalade continua a seguir-se o rumo da foramação e no plantel de forma sólida estão já Patrício, Veloso, Moutinho, Daniel Carriço, Carlos Saleiro, Adrien Silva, Pereirinha... e mantem na forja Zahavi, Paulo Renato, André Santos, Marco Matias, Rui Fonte, Wilson Eduardo, William Carvalho, Vitor Golas, Diogo Rosado, Amido Baldé, Rabiu, etc.

Se olharmos para quem mais gasta FCPorto e, especialmente, Benfica vemos que não é por acaso que são que menos jovens lança de forma sustentada, e vemos que a relação é directa: mais investimento... menos jovens com oportunidades. Quando olhamos para o Sporting - com menos investimento - aposta mais na formação e os resultados estão à vista.

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Nem todos os produtos da formação podem ser Cristianos Ronaldos, Moutinhos ou Simãos. Mas a importância de lançar jovens como Veloso, Moutinho, Adrien ou Carriço sustenta a mística do Clube e cria alicerces para investimentos estratégicos e cirúrgicos. Infelizmente para eles, o Sporting parece estar a acordar tarde para a vertente complementar da formação: O Investimento estratégico em pedra sbasilares.

Já o Benfica, faz o inverso e investiu e bem em jogadores estratégicos (Aimar, Luisão, Saviola, Javi Garcia, Cardozo), mas esqueceu-se de compensar esse investimento com o complemento dos jovens, preferindo desperdiçar recursos financeiros com jogadores de potencial duvidoso.

A pergunta que coloco, nesta fase em que os clubes apontam baterias aos investimentos para esta e já para a próxima época é:

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Passo 1: Porque não dar oportunidades aos jovens? Ver o FCP trazer Ukra, o Benfica Miguel Rosa ou Yartey, o Sporting William Carvalho...

Passo 2: Porque não apostar nos valores nacionais? Sereno está na orbita do Porto, Fabio Faria na do Benfica, Joao Pereira chegou para o Sporting... mas e Ruben Micael, João Aurélio, Evaldo, Regula, Anselmo, etc.....

Passo 3: Depois de estruturados os planteis porque não definir planos estratégicos para as equipas que incluam um misto de jogadores formados no clube (um a dois por época), jogadores estratégicos (aqueles reforços que representam um esforço maior e que acrescentam qualidade ao plantel e à Liga) e jogadores uteis (dos que formam a capacidade de trabalho e entrega do plantel)

Fica a sugestão do GB.

Texto de Geração Benfica para Negócios do Futebol