Jorge Jesus cedeu à tradição e depois de ontem continua sem ganhar em Olhão, quando vai na terceira época ao comando do Benfica. Os encarnados perderam dois pontos no Algarve, que poderão ser decisivos na atribuição do título.
Depois de uma semana em que muito se falou de bloqueios, em virtude do que acontecera no clássico para a Taça da Liga (outrora bwin Cup), foi a vez de o Benfica bloquear mentalmente, o que resultou numa primeira parte sem criatividade e velocidade por parte das águias e uma etapa complementar jogada praticamente toda em ela em inferioridade numérica, fruto da agressão de Aimar a Rui Duarte cerca de 20 minutos após ter entrado ao intervalo.
Jorge Jesus fez entrar Emerson e Witsel no onze inicial, juntando Cardozo a Nélson Oliveira na frente de ataque. No entanto, nenhum deles conseguiu superar a inércia dos encarnados, tendo o brasileiro visto o quinto amarelo que o deixará de fora do jogo (que será decisivo para a atribuição do título) com o Sporting de Braga ao passo que o paraguaio foi uma nulidade no ataque encarnado.
A primeira parte foi um desalento para aqueles que apreciam o futebol. Pachorrenta, com um Benfica incapaz de engrenar a máquina ofensiva e fazer jogadas que pudessem criar perigo junto à área dos visitados. Só por uma vez, aos seis minutos, Fabiano se terá sentido ameaçado, aquando um cabeceamento de Jardel. De resto, nada de digno de registo no primeiro tempo. De realçar uma nova exibição muito apagada de Nico Gaitán, cujo nível esta temporada tem estado um pouco aquém daquilo que já fez no Benfica. Sem grandes argumentos para se bater de igual para igual com o Benfica (Toy e Salvador Agra foram os mais inconformados da equipa algarvia), o Olhanense preocupou-se apenas em manter a baliza inviolável, algo que nem foi muito complicado, dada a apatia do adversário.
Depois de uma primeira parte que teve um efeito soporífero que atingiu os níveis dos discursos do Presidente da República Cavaco Silva, Jorge Jesus decidiu agitar o jogo com a introdução de Pablo Aimar. Depois de criar duas oportunidades, parecia que o rumo de jogo se iria alterar. No entanto, o argentino perdeu a cabeça aos 18 minutos da etapa complementar e acabou por ser expulso, após ter pisado Rui Duarte na zona da virilha, no que Jorge Jesus afirmou ter sido "uma disputa de bola normal".
A partir deste momento, o Benfica que parecia ter sido reanimado pela entrada do pequeno Mago, depositou todas as suas energias na obtenção de um golo que permitisse levar três pontos do Algarve. No entanto, os encarnados jogaram mais com o coração do que com a cabela, o que levou a que a maior parte dos lances fossem mal definidos e, assim, desaproveitados.
Aos 97 minutos, Saviola teve nos pés a oportunidade mais flagrante de todo o encontro, mas as esperanças benfiquistas acabaram por esbarrar no corpo de Fabiano, que afastou a bola para longe da baliza olhanense.
Com este resultado o Benfica pode ver Braga e Porto fugirem, caso estes dois vençam os dois jogos que têm marcados para esta 24ª jornada. Num campeonato atipicamente equilibrado, as contas do título ficarão certamente adiadas para as últimas jornadas do campeonato, dada a irregularidade de Porto e Benfica e a intromissão do Sporting de Braga na luta, que ainda terá de jogar com os dois crónicos candidatos e terá, certamente, alguma influência nas apostas desportivas que ainda restam.
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