Alma vitoria(na)


O Guimarães pode vangloriar-se de, com mais de metade da temporada decorrida, ser a equipa que mais pontos roubou aos grandes. A saga começou no "Berço" quando Edgar e Rui Miguel fizeram dois golos que derrotaram o campeão nacional, Benfica. Desde então, FC Porto, Sporting, ou mesmo Braga, sentiram a espada do "Conquistador" bem afiada. No total são dez os pontos que o VItória já conta com equipas que, no último ano, terminaram nos primeiros quatro lugares.

O "fenómeno" tem os alicerces num dos mestres tácticos actualmente em Portugal - Manuel Machado -, combinado com uma equipa que não parece ter problemas para encarar os grandes jogos. Impõe-se agora novo "trabalho hercúleo": vencer um Benfica que em 2011 leva 100% de aproveitamento, em grande forma, portanto. Para isso, de novo se pede que se combine as duas vertentes. Manuel Machado parece estar já a inteirar-se que, pelo menos a primeira parte está garantida.


O técnico vimaranense poderá apostar num sistema com três centrais - 3x5x2 - e com dois falsos laterais. Esta poderá ser uma medida com probabilidade de surtir efeito face à superioridade que será criada relativamente aos pontas-de-lança do Benfica e à contenção das acções pelas laterais, com Alex e Bruno Teles a serem os mais que prováveis donos do lugar. Daí para a frente, poucas alterações haverá, podendo Manuel Machado apostar num meio-campo maioritariamente de trabalho, para que os médios possam ajudar os falsos laterais em situação defensiva.

Do jogo, pede-se aos verdadeiros "Guerreiros do Minho" que entrem em campo com vontade de impor o seu jogo sem medos, porque, ao fechar-se na defesa, o Vitória apenas adiará o que será, nesse caso inevitável: o golo do Benfica. O jogo pelas alas caracteriza o Guimarães, contudo, o seu uso, no jogo na Luz terá de ser comedido, caso contrário, lá para o final da primeira parte, os "laterais" estarão extenuados e sem capacidade para lidar com os extremos e laterais do Benfica.

Assim, pede-se que, à semelhança do que aconteceu em 1147, os da Cidade Berço possam cercar de novo Lisboa e conquistá-la. Pede-se outros D. Afonsos Henriques, mas também Martins Moniz.

Texto por António Peixoto para o Negócios do Futebol