Olhar sobre o Benfica


Não entendo o que se passa com Jorge Jesus. Sou daqueles que sempre o considerou um excelente treinador mas ultimamente não me parece o mesmo, a equipa não tem personalidade, dá desculpas que nem ele considera válidas, vejo-o durante os jogos e parece-me impotente.

Bem, vamos ao jogo que, na minha opinião, a Académica mereceu ganhar porque pura e simplesmente, salvo raríssimas excepções, no futebol quem ganha é quem merece. Pois, já pus milhões de pessoas contra mim com esta afirmação! Existe e vai sempre existir a ideia de que quem tem mais posse de bola, ataca mais e cria mais perigo, faz mais por ganhar o jogo. A questão é que não existe diferença, na vontade de ganhar e no mérito, entre, uma equipa que domina, cria perigo e ataca o jogo todo e uma equipa que é dominada, defende quase o jogo todo e vai criando perigo através de contra-ataques. Existe sim, diferença nas estratégias que as equipas usam para ganhar o jogo pois uma equipa tem um plantel com uma qualidade (teórica) superior e outra bastante inferior.

A Académica optou por uma estratégia e ganhou, querem vitória mais merecida de quem passou 40 minutos a jogar fora com menos um, encostados à sua grande área e ainda conseguiu marcar, quanto a mim, um dos melhores golos da época? Diz JJ que o Benfica massacrou a Académica na segunda parte, mas havia outra maneira continuar no jogo sendo que somos campeões, jogávamos em casa, estávamos em superioridade numérica e a perder? Mesmo massacrando, não se viu futebol bem construído a não ser quando passava por Coentrão, viu-se sim, jogadores com vontade e coração mas sem ideias que iam despejando bolas na área do adversário que restrito à sua área acabou por facilitar uma troca de bola “atabalhoada” do Benfica. A Académica foi mais eficaz e não vale a pena arranjar desculpas.


Podemos é tentar perceber o porquê do Benfica este ano, em dois jogos, já ter sofrido 2 golos de bola parada quando, na época passada inteira, sofreu três ou quatro. Perceber o porquê de não se ver o fio de jogo que caracterizava o Benfica, pressão no adversário, transições rápidas com passes curtos, tabelas e passes de ruptura no último terço. Perceber por que continua Cardozo a jogar quando temos outros avançados em melhor forma ou pelo menos que não usam o cansaço como desculpa, pior ainda, perceber porque foi rejeitada uma proposta de 25 milhões por ele quando nos lembramos (entre muitos outros) que Arjen Robben saiu para Munique pela mesma quantia (acho que ninguém se atreve a compara-los).

Este Benfica faz-me lembrar o Benfica que Jorge Jesus recebeu de Quique, sem ponta por onde se lhe pegue. No entanto, JJ fez dessa equipa uma equipa campeã e capaz de ombrear com outros europeus. Dá ideia que, pensando que o jogo que a equipa praticava na época passada estava assimilado, o treinador desviou as suas atenções para outras vertentes. O futebol é feito de rotinas e, pelos vistos, o Benfica está a perder a rotina que tinha de jogar bem e ganhar.

Mencionando o que um amigo meu disse, (espero que não se importe), tendo em conta que Jesus (Cristo) ressuscitou ao terceiro dia e imaginando que cada dia representa um jogo, esperamos então que Jesus ressuscite contra o Nacional! Eu tenho fé.

Texto de André Ferreira para o Negócios do Futebol