FC Porto derrotado ao cair do pano no primeiro encontro em Paris


As ideias raiam o pensamento do F.C. Porto. Num cenário privilegiado, em plena Cidade-Luz, os dragões confirmam estar aprender a lição por outra cartilha, por um manual bem diferente daquele leccionado nas quatro épocas anteriores. E essa é uma boa notícia. Acima de tudo, por haver um plano bem definido, escrupulosamente direccionado e formatado. A derrota (1-0) sofrida já em período de descontos diante do PSG não deixa ficar mal tudo o que está alicerçado nessas tais ideias.

A nova ordem do dragão impõe a posse de bola como máximo mandamento. Os jogadores já sabem bem o que fazer na construção ofensiva e parecem confortáveis neste corpo moldável, camaleónico. Há trocas posicionais constantes, há improviso e criatividade. Nesse sentido, numa espécie de anarquia organizada, o F.C. Porto está bem encaminhado. Não admira, portanto, que a equipa tenha criado tantas situações de golo frente ao PSG. Falcao (aos seis minutos), Hulk (30) e novamente Falcao (56) tiveram nos pés claríssimas ocasiões para bater Edel. Não o conseguiram, por infortúnio, cansaço ou precipitação. E esta é a primeira má notícia para os portistas.

Bons períodos, algum futebol dinâmico e arrasador, razoável condição física. O teste dá positivo, sem dúvida, a uma semana do primeiro jogo oficial da época. Mas nesta história, de ideias assumidas e luz no fundo do túnel, também há defeitos compreensíveis e corrigíveis. Pelo menos, há qualidade e matéria-prima para isso. Alerta número dois: o F.C. Porto defendeu muito mal nos lances de bola parada. Kezman (39) e Camara (68) aproveitaram a apatia e o mau posicionamento dos dragões nessas jogadas de laboratório para assustar Kieszek e Helton. Alerta número três: os laterais Miguel Lopes e Emídio Rafael (Alvaro Pereira está a treinar há uma semana, tem atenuantes) exageraram na procura das tabelas com o extremo, arriscando situações de desequilíbrio defensivo. Alerta número quatro: Fernando está bem, confiante, mas as suas subidas ainda não são devidamente cobertas por um dos outros dois homens que jogam no meio-campo. Na segunda parte, após um passe errado, isso ficou claro.

Individualmente, há algumas boas exibições a destacar. Falcao pela mobilidade, Hulk pela capacidade de desequilibrar (atenção aos exageros), João Moutinho pela serenidade, Rúben Micael pela capacidade de impor organização. Rolando fez um bom jogo também, melhor do que Maicon (dois lapsos na primeira parte). Walter era a maior das expectativas e jogou cerca de meia-hora. Não fez muito, naturalmente, embora seja evidente a forte compleição física. Baixo, potente, tem muitos dias de trabalho pela frente até se poder assumir como clara alternativa a Falcao. Este F.C. Porto de Villas-Boas escolheu um caminho e tem ideias interessantes. Mas ainda há sombras a encobri-las. in Maisfutebol