A julgar pelas bancadas despidas como não há memória no Emirates Stadium, não se poderá dizer que o jogo desta noite despertou grande curiosidade nos adeptos ingleses. Isto apesar de ser o Brasil a jogar. Na equipa de Dunga, Ramires foi titular e Michel Bastos apareceu na lateral esquerda, enquanto que lá na frente era Adriano quem fazia as vezes de Luís Fabiano no onze titular. O esquema do "escrete" foi o do costume, um 4x4x2 que, quando defendem se transforma num 4x2x3x1 com Filipe Melo e Gilberto Silva a formarem um duplo pivô defensivo. Por aquilo que se pode observar do jogo, este Brasil gosta de pressionar bem alto, de preferência logo à saída da grande área adversária, obrigando o oponente a errar. Portugal terá de trocar a bola muito rápido e procurar o espaço, se quiser transpor este primeiro momento defensivo.
É certo que esta selecção não apresenta o brilhantismo daquela que, por exemplo, foi pentacampeã em 2002, mas num aspecto é seguramente a melhor de todas as selecções brasileiras que surgiram: em efectividade. A ideia de Dunga é simples: primeiro vem o resultado, só depois o espectáculo. Assim foi, até ao momento em que o Brasil se viu a ganhar por dois golos, a exibição não estava a ser de encher o olho, qb. No primeiro quarto de hora, foi mesmo a Irlanda quem teve a melhor oportunidade de golo, num disparo de Robbie Keane para defesa segura de Júlio César. O principal ponto fraco da "canarinha" parece mesmo ser os lances de bola parada. Foi por aqui que a Irlanda, selecção conhecida também pelo bom jogo aéreo, criou mais perigo. No ataque brasileiro, Robinho procurava inverter o rumo dos acontecimentos, sem efeitos práticos todavia. Quando já todos previam um regresso aos balneários com um nulo, o Brasil e Robinho - quem haveria de ser - trataram de se adiantar no encontro. O avançado do Santos centrou para Lawrence desviar infortunadamente para o fundo da baliza de Shay Given.
O golo numa altura crítica pareceu não mudar a postura da Irlanda. O Brasil aproveitava, ainda assim, oportunamente para lançar contra-ataques venenosos liderados por Robinho. Com o jogo a ser praticado a um ritmo elevado para um amigável, desorganizou-se a Irlanda que abriu espaços, algo imperdoável contra a segunda melhor selecção do mundo no ranking da FIFA. Dunga aproveitou para fazer experiências. Quis dar mais profundidade à ala direita e colocou Daniel Alves e Maicon a jogar juntos no mesmo corredor. O Brasil viria a fechar o resultado com uma combinação genial entre Kaká e Robinho. O jogador do Real Madrid serviu de calcanhar o do Santos para este finalizar "sem espinhas". Até final o jogo perdeu intensidade com o ritmo de substituições em que se entrou. No regresso a Inglaterra, país onde foi muito criticado, Robinho espalhou toda a sua classe.
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