O filme de uma semana europeia


FC Porto. A oportunidade de salvar a época, de esquecer que já perdera as possibilidades de discutir o campeonato, que a Liga dos Campeões da próxima temporada é uma miragem. Vantagem de 2-1 sobre o Arsenal, conquistada com mérito no jogo do Dragão. Um escape ao que de mau tem feito mais recentemente. Fácil manter a vantagem? Claro que não. Mas possível, sobretudo. No entanto, a equipa portista está envolvida num mar de ansiedades e receios, asfixiantes para que faça uso das capacidades racionais de colocar a bola no chão e mostrar que, afinal, é boa naquilo que faz. Os jogadores, por muito que queiram, não conseguem. É mais forte. Como foi o Arsenal: pressionante, altas rotações, um espectáculo contínuo de estrelas como Arshavin ou Nasri que jogam por pura diversão, ajudados pela extrema eficácia de Bendtner, um dinamarquês 'alérgico' a portugueses. O resultado foi um verdadeiro massacre: 5-0. O fim do FC Porto que deixa a Liga dos Campeões pela porta dos fundos, o fim de Jesualdo Ferreira que fica sem qualquer espaço de manobra para ainda ousar resistir.



O Sporting. Confiança em alta, melhor momento da temporada, equipa que transformou as fraquezas em forças e, num ápice, saltou de um estado de decadência absoluta para uma confiança descomunal. Este Sporting, actualmente, respira motivação, sabe o que quer e joga um futebol atractivo. Conseguiu devolver o público a Alvalade, tem o apoio que noutros jogos lhe faltou, junto um grupo de cinco milhares de adeptos em Madrid (!), no duelo contra o Atlético de Madrid. Esse é, aliás, o melhor elogio que se pode fazer aos leões. Um jogo complicado, uma equipa com aspirações a chegar longe, recém-caída da Liga dos Campeões, com um ataque de fazer inveja a qualquer um (com Aguero, Forlán e Simão) - embora uma defesa de pôr os cabelos em pé. O Sporting conseguiu um empate. A zero. Foi bom, não perfeito. Os motivos de satisfação aumentam, contudo, pelo facto de a equipa portuguesa ter jogado com dez desde os trinta minutos, por expulsão de Grimi, e ter ficado sem Tonel, também expulso, aos oitenta e cinco. Poderia fazer melhor? Dificilmente. Em Alvalade, uma arena junta no apoio aos leões, há que derrotar este Atlético. Mas não serão favas contadas, ai não, não...



'O Marselha é o adversário mais forte que defrontamos'. Foi Jorge Jesus quem o disse, na semana passada, antevendo o jogo da primeira mão com os franceses. Poderia ter sido aquelas típicas conversas de treinadores que querem colocar um travão na euforia dos adeptos, alertá-los para os perigos do adversário, até prepará-los para um jogo menos conseguido. Não foi só isso, porém: o Marselha provou, na Luz, ser mesmo a equipa que mais dificuldades criou ao Benfica nesta temporada. A ideia de Didier Deschamps foi completamente realizada, os franceses conseguiram tirar espaço e inspiração aos encarnados, superiorizaram-se e impediram que o Benfica usasse a sua arma mortal: a tremenda capacidade que tem para criar e concretizar lances de futebol ofensivo. Mesmo assim, o Benfica chegou à vantagem. Suou para o fazer. Logo após, poderia ter feito o golo da tranquilidade: Ramires acertou na trave. Desperdiçou. O Marselha, adulto e sabedor das suas acções, empatou em cima do apito final. Foi cruel para o Benfica, foi justo para o resultado. A eliminatória estava do lado português, ficou virada do avesso, pois um golo marcado fora é fundamental. Quinta-feira, há um tira-teimas no Velodróme. De importância máxima, afinal, o Benfica também tem aspirações europeias. Impossível mudar o rumo do 'score'? Não, de todo.

Com o FC Porto de parte, o que se espera das equipas portuguesas é que no final se unam 'In Good Company'!...

Crónica de Ricardo Costa para o Negócios do Futebol