Futebol português em queda na Europa

Hoje iniciam-se as partidas decisivas por um lugar nas duas principais competições europeias, com 10 equipas a entrar em campo numa tentativa de alcançar o futebol que rende milhões, a Liga dos Campeões. Amanhã, a história repete-se, com outras 10 equipas a tentar a sua sorte e conseguir preencher uma das vagas na liga milionária, entre as quais está o representante de Portugal, o Sporting. Mas desengane-se quem pensa que as contas ficam por aqui, porque pelo terceiro dia consecutivo de jogos de prospecção europeia, mais 78 equipas de todos os cantos do "velho-continente" tentam o acesso à primeira edição da Liga Europa, competição que vem substituir a anterior Taça UEFA. Ainda que não seja preciso realçar, Portugal tem também concorrentes a esta nova competição, com Benfica e Nacional da Madeira bem lançados para assegurar a presença da bandeira verde e vermelha no sorteio da competição. Com tudo isto, conclui-se que Portugal apresenta, até ao momento, um único candidato dado como certo na edição deste ano da Champions, o Futebol Clube do Porto, e um outro candidato à mesma competição, que caso não avance tem, ainda assim, assegurado um lugar na segunda mais importante competição da UEFA.


Factos como os anteriores levam-nos a pensar o que andamos exactamente a fazer "lá fora". Do ano passado para este ano, perdemos uma presença assegurada na principal competição a nível europeu, e colocámos em causa várias presenças na segunda mais importante: Paços de Ferreira e Sporting de Braga foram recambiados para fases pré-eliminatórias, com o resultado final a ser a eliminação de ambos. Tudo isto aconteceu pela simples razão de apenas o Futebol Clube do Porto ter feito uma campanha europeia digna de se considerar «boa», o que teve como repercussão a continuidade da queda de pontos de Portugal. Encontramo-nos agora espectantes quanto ao futuro das equipas portuguesas, mas com um empate a duas bolas em casa do Sporting, e uma vitória por 4-3 em casa do Nacional da Madeira, apelando a um lado mais realista a melhor aposta que consigo dar é a de que Portugal ficará representado por 3 equipas na Liga Europa, e apenas uma na Liga dos Campeões (note-se que não falo do Benfica apenas porque considero a eliminatória decidida). E a pergunta que se coloca é a seguinte: será isto positivo? Senão vejamos, Espanha tem nada mais do que 3 equipas garantidas só para a Champions deste ano, com a possibilidade de acrescentar mais uma; França tem 2; Alemanha outras tantas, e ainda pode acrescentar outra; e nem vale a pena falar de Inglaterra ou Itália. A verdade é que comparado com Portugal, que tem apenas um candidato a essa competição, leva-nos a reflectir sobre se o nosso futebol estará em crise, e se será mesmo inferior ao de alguns países que possuem mais candidatos.



Numa altura em que o futebol é mais influenciado do que nunca pelo dinheiro, estas competições internacionais tornam-se importantíssimas para garantir receitas e prospecção, e com a regressão constante da classificação geral portuguesa, somos obrigados a pensar onde está o problema. Para me explicar melhor, peço-vos para se recordarem do que se passou a época passada com a campanha europeia do Sporting. A equipa esteve bem durante todo o campeonato, e terminou inclusivamente num segundo lugar bastante próximo do primeiro; contudo, nada disso serviu frente a um único adversário que provocou uma humilhante derrota total de 12 bolas a uma. Porque aconteceu então isto, se a equipa até funcionou durante todo o campeonato? Muitos podem argumentar que a oposição na liga portuguesa não é comparável à do Bayern de Munique, mas para mim isso não justifica a enorme diferença, ainda mais quando constamos que o Bayern nem terminou a época em primeiro lugar, e conseguiu o segundo com apenas mais 3 pontos que o Estugarda.


Não podendo prever o que se vai passar ao longo de este ano, resta-nos aguardar para ver se a história dos portugueses nas competições europeias é diferente da do ano passado, até porque temos presente no nosso passado recente aquilo de que fomos capaz de conseguir a nível europeu. De qualquer maneira será difícil de contrariar a queda pontual, ainda que sendo seguidor das equipas portuguesas eu pense que podemos chegar mais longe do que nas temporadas mais recentes.