Olhar sobre o FC Porto: A Vitória do Vítor

FCPorto24 - A VITÓRIA DO VÍTOR

Por Pedro Valente

Para o nosso Clube, a época 2010/2011 foi inesquecível e praticamente impossível de repetir. Ganhámos tudo o que havia para ganhar, dentro e fora de portas, normalmente com as exibições a atingirem níveis estratosféricos.

À partida para a época 2011/2012, a fasquia estava colocada num nível bem elevado. As expetativas eram grandes e legítimas. Contudo, lidar com o sucesso pode ser muito difícil e, por isso, esta época que está prestes a terminar nunca seria fácil para o FCPorto. O termo de comparação com a temporada anterior iria sempre funcionar como um obstáculo suplementar.

Com a pré-época em decurso, André Villas-Boas levantou-se da sua “cadeira de sonho” e voou para Londres sendo que Vítor Pereira, seu adjunto, foi promovido a técnico do Campeão Português. Este foi o contexto em que Vítor Pereira pegou na equipa e conseguiu ser campeão.

Reconheço que a equipa raramente mostrou a segurança de outras épocas e que a qualidade das exibições diminuiu de forma evidente. Os resultados (em comparação com a época anterior) pioraram. Prova disso foi a fraca campanha Europeia e a eliminação, tão prematura como chocante, da Taça de Portugal. Também sei que o sentido de liderança e de comunicação de Vítor Pereira se mostrou insatisfatório e que estes fatores, aqui descritos, contribuíram e contribuem para a teimosia de muitos Portistas em não admitir os méritos do treinador.

Na minha opinião, quem ganha tem sempre mérito e Vítor Pereira não é exceção. O treinador do nosso Clube teve vários méritos.

Conseguiu sobreviver, durante grande parte da época, à ausência de alternativas credíveis para o lugar de ponta-de-lança, anteriormente ocupado por Falcao; Conseguiu sobreviver ao clima de instabilidade causado por alguns jogadores contrariados, feitos vedetas, que tinham perspetivas de ser transferidos para campeonatos mais atrativos; Aturou as birras dos jogadores que não jogam e também dos jogadores que não gostam de ser substituídos; Resistiu categoricamente às críticas, aos insultos e à chacota da imprensa, dos adversários e até de alguns Portistas; Resistiu à “fúria” dos “pipoqueiros”, dos comentadores televisivos e dos “senadores” Portistas, mesmo quando ganhava. Até no seu dia de glória e consagração foi assobiado…

Com trabalho e humildade, Vítor Pereira acreditou e fez a equipa acreditar que o título era possível mesmo quando parecia uma miragem. Mostrou nervos de aço e ganhou nos momentos cruciais. Conseguiu montar uma defesa sólida e um ataque concretizador, que permitiram ao FCPorto recuperar de um parcial de -5 para +6 pontos e ser Campeão com mérito. Os rivais podem desculpar-se com as arbitragens e tudo mais, mas este campeonato foi ganho com inteira justiça e não por demérito dos adversários ou por causas externas.

Por isso, e na minha opinião, o verdadeiro herói deste campeonato é Vítor Pereira. Este contrariou as expetativas mais pessimistas e no meio de tanta adversidade conseguiu escrever mais uma página vitoriosa do nosso e do seu Clube. Este campeonato é dele.

O futuro, no que a ele lhe diz respeito, ainda parece estar incerto. É provável que Vítor Pereira continue no seu (nosso) Clube do coração, mas pairam outros nomes para o lugar de técnico do FCPorto, demonstrando que esta época não foi consensual aos olhos de vários quadrantes Portistas... O objetivo principal do Clube (o campeonato nacional) foi conseguido, portanto acho, sinceramente, que Vítor Pereira deve permanecer no FCPorto.

Acredito que os erros cometidos nesta época vão ser corrigidos na próxima. Acredito na evolução de Vítor Pereira a nível de liderança e a nível comunicacional, dado que já se verificaram melhorias nesses planos a partir da segunda metade desta época. Por tudo isto, ele tem direito a uma segunda oportunidade.

Não termino a minha crónica sem deixar umas notas para os outros obreiros deste título:

Os jogadores, que se esforçaram e contribuíram não só com a sua qualidade futebolística mas também humana. Tirando um ou outro que ficou com a cabeça noutro lugar, houve muitos jogadores que estiveram de alma e coração no Clube e que nos momentos cruciais não tremeram e disseram “Presente”.

A tão famosa e bem-sucedida Estrutura, encabeçada por Pinto da Costa, que soube “segurar o barco” nos momentos de tempestade. Exigiu à equipa que defendesse os valores que o Clube representa e deu a confiança e a estabilidade necessárias (quer ao treinador, quer aos jogadores) para os bons resultados.


Campeões, Campeões, Nós Somos Campeões!

Viva o FCPorto!