Petrodólares: sucesso sempre dependente da longevidade


À medida que vai proliferando a entrada de grandes magnatas em alguns dos principais - e não só - clubes europeus torna-se cada vez mais evidente aquilo que os adeptos do clube que sofrem a "invasão" podem esperar. As avultadas injecções de dinheiro são apenas e só um passo de muitos outros que há para dar quando a meta é colocar o clube em causa na rota de títulos importantes. O sucesso não chega no imediato, nem ao final de um ano, e, em alguns casos, não chega simplesmente. Há casos que são clássicos, uns mais bem sucedidos que outros, mas, ainda assim, dignos de estudo todos eles. Existe, todavia, uma palavra que convém ir percebendo: estrutura.

Tudo funciona à volta de uma estrutura protectora, bem organizada e ambiciosa. Por isso mesmo é que os títulos não chegam no momento, contrariamente ao que o comum dos adeptos pensa quase que fazendo uma fórmula mágica: Dinheiro + Vedetas = Títulos. Isto quase que me faz recuar no tempo, não muito, e chegar a uma altura em que uma professora que tive tinha a estranha tendência de simplificar demasiado as coisas e, como nestes casos, as surpresas eram maioritariamente desagradáveis. Debrucemo-nos sobre dois bons casos de estudo: o Chelsea e o Paris Saint-Germain.


Os blues viram chegar Roman Abramovich e pensaram que isso aliado às contratações de jogadores que na altura estavam na "berra" do futebol europeu, casos de Crespo, Verón ou Makelele iria trazer títulos logo no final desse ano. Esqueceram-se que o primeiro membro da estrutura comandante do Chelsea de 2003/2004 destoava claramente de tantas estrelas. Claudio Ranieri não sabia lidar com estas andanças bem diferentes do Chelsea de Gianfranco Zola. Os londrinos entenderam isso mesmo e contrataram José Mourinho. o "Special One" deu títulos ao Chelsea, conquistou o público, mas, de novo, o clube voltou a pecar porque tinha uma estrutura directiva muito boa mas que não se adaptava ao treinador e vice-versa. E, assim, o clima de tensão passava para os jogadores e rapidamente todo aquele prometedor fulgor foi empalidecendo.

Despediu-se então também, pouco tempo depois Frank Arnesen, pensando-se que o problema poderia estar um pouco mais acima. Veio Scolari, Ancelotti ou Hiddink, todos com nome no futebol mundial, mas todos, tirando talvez Hiddink, treinadores que tiveram de suportar a pouca paciência de Abramovich e a pressa em ganhar uma Liga dos Campeões. A verdade é que dantes a culpa não era do treinador, o Chelsea simplesmente não estava preparado para ganhar ainda a esse nível de uma forma continuada. Talvez num futuro próximo a história se inverta.


Já o Paris Saint-Germain parece ter entendido - ou não - o que terá falhado nos outros clubes com casos semelhantes e quer fazer as coisas de uma outra forma. Os franceses contrataram primeiramente membros para integrar a coordenação do futebol - no caso específico o ex-treinador do Inter de Milão e AC Milan Leonardo -, um elemento que rapidamente tratou de alertar para o facto de não ter intenção de contratar vedetas. Ora, os adeptos que se regem pela fórmula anteriormente escrita devem ter-se sentido insultados pela forma modesta como Leonardo abordou o projecto PSG. A verdade é que o brasileiro cumpriu o que prometeu e comprou bons jogadores de França e um grande jogador, Pastore. de vedetas nem vê-las. Ainda assim, os resultados desportivos não estão a ser imediatos. Ainda assim, no caso parisiense estou bem descansado: as coisas estão a ser feitas como devem ser e, com tempo, muito tempo, mas tempo necessário, os resultados aparecerão e durarão.