World Cup: Day 5



Nova Zelândia X Eslováquia


Jogo de baixo grau competitivo. Fica para a memória o primeiro golo neo-zelandês… e o inesperado empate já em tempos de descontos. Naturalmente será a Nova Zelândia a ultima do grupo depois de Itália, Paraguai e Eslovénia.


Brasil X Coreia do Norte

Como se esperava a Coreia do Norte alinhou para esta partida como se não houvesse amanhã. Defenderam muito, e até mesmo bem, e correram como se fosse à frente de uma bala perdida. Não alinho em criticas a esta estratégia ultra-defensiva… é tudo futebol, são vários os caminhos para conseguir pontuar, não perder, marcar golos ou vencer. E até conseguiram marcar um golo. Quanto ao Brasil teve a postura habitual para estes primeiros jogos e conseguiu dominar a partida de fio a pavio, tendo grande capacidade para esperar, insistir e não desistir à estratégia amarrada da Coreia. È o eterno candidato ao título e o óbvio favorito ao grupo.


Costa de Marfim X Portugal

Portugal entra em campo com um 4-3-3, apostando no Danny… os restantes foram os óbvios. A Costa do Marfim fez um 4-3-3, camuflado de 4-5-1 quando em (grande) contenção defensiva. A estreia não foi muito boa. Portugal entrou muito temeroso e com alguma dificuldade para assumir o jogo e muito medo de errar. A evidência deste exagero de cautela foi a constante troca de bola entre médios e defesos… quando pressionados nunca arriscavam o passe para a frente. Na primeira parte percebeu-se que os elefantes queriam dar a posse de bola e iniciativa de jogo a Portugal, preocupando-se exclusivamente com o contra-ataque… percebeu-se que essa estratégia anulava a capacidade construtiva de Portugal no ataque e que permitia à Costa de Marfim defender muitas vezes com 11 jogadores nos últimos 40m. O árbitro tentou deixar quanto pode, mas de facto com muita virilidade de poder físico os Marfinenses foram abusando de faltas sucessivas e de alguma complacência da arbitragem que não marcou nenhuma das faltas a menos de 35m... foi uma daquelas chamadas habilidades.

No final da primeira parte os elefantes soltaram-se mais um pouco no ataque e, permitiu que Portugal tivesse mais espaço para dar o contra-golpe. Não fomos bem sucedidos. A transição não entrava, os passes saiam errados e os Marfinenses estavam bem organizados e próximos recuperando todos os ressaltos.

Fábio Coentrão (foto ASF)

Para a segunda parte algo teria que mudar. Queiroz alongou a equipa, arriscou em termos posicionais e de equilíbrio. Aos poucos a equipa foi ganhando capacidade para dominar o meio campo, especialmente com as entradas de Simão e Tiago. Saíram Danny e Deco respectivamente. Danny perdeu imensas bolas em passe errado, não conseguiu desequilibrar, não fez movimentos longitudinais com ou sem bola e foi naturalmente substituído. Deco não conseguiu ser aquilo que Portugal necessitava. Foi sempre muito pressionado, jogou numa área congestionada e não quis nunca ousar o drible, o passe arriscado, a perda de bola. Das poucas vezes que conseguiu libertar-se do marcador directo criou sempre jogadas de algum perigo.

Para a segunda parte eu preferia trocar o Danny e recuar Meireles, fazer uma melhor protecção à posse da bola por parte do Deco e apostar no “mágico” para distribuir e desequilibrar. Como alternativa considerava a entrada de Hugo Almeida para fazer jogo mais directo, deixando as segundas bolas para Ronaldo, Liedson e Simão, em 4-4-2. Queiroz fez um 4-4-2 com Deco à direita, Meireles e Mendes no meio e Simão na esquerda. Na frente: Ronaldo e Liedson. Mais tarde entraria Rúben Amorim para refrescar e segurar o resultado.

Depois desse período de reequilíbrio na partida notou-se apenas nos últimos 10 minutos uma quebra física e algum desgaste mental que levaram a ser mais pressionado pela Costa do Marfim e até sofrer alguns lance de relativo perigo. O jogo apesar de pouco conseguido esteve sempre controlado.

Nem tudo foi negativo. A equipa das quinas esteve muitíssimo bem defensivamente, bateu-se bem contra adeptos muitíssimo mais dotados atleticamente e esteve sempre muito bem tacticamente no controlo do jogo. Os melhores em campo foram Meireles e Coentrão com o destaque para Ronaldo que fez a melhor jogada individual do torneio até ao momento. Era difícil fazer melhor contra estes adversários tão dotados e tão apostados em anular o jogo de Portugal.

Foi penoso assistir aos comentadores desportivos da TV, alguns deles ex- treinadores e seleccionadores a criticarem a equipa, a exagerarem no pessimismo sobre o desenvolvimento do jogo e sem conseguirem nunca propor ou vislumbrar alternativas.

A declarações do Deco podem ser um indicio de algo serio e grave no grupo de trabalho. Não me espantaria que não jogasse na próxima jornada. Criticou publica e abertamente o seleccionador e não o deveria fazer.


Não houve explosões ou Ketchup, mas valeu a pena ver o jogo para assistir à grande jogada do Ronaldo que fez tremer a baliza africana… fantástico: um remate a mais de 30 m, a 105Km/h. Ronaldo tem assumido declarações que o colocam sobre pressão e ele costuma lidar mal com isso… espera-se uma reacção psicológica e menos expressões faciais que revelem insegurança e tensão. Ainda assim esteve mediano, especialmente na segunda parte, longe do meio campo, na frente de ataque... não é o seu lugar para jogos fechados.

O primeiro objectivo foi conseguido – não perder com o adversário directo na luta pela segunda posição. Não entro em pessimismo. Se Portugal tivesse arriscado e perdesse o jogo, os mesmos de sempre vinham na mesma criticar “tudo e todos” e crucificar o treinador.

Uma palavra para a Costa do Marfim: tem jogadores a rodar em grandes clubes Europeu, tem atletas muito possantes e rápidos, tem muita disciplina táctica nesta era Ericksson, e muito veloz no contra-ataque, tem jogadores fortes no um-contra-um… é uma equipa fortíssima!

Grupo G
Brasil lidera naturalmente, apesar das dificuldades que teve. A Coreia poderá ter uma palavra a dar no roubo de pontos que pode infligir aos que discutem pela segunda posição.

Amanhã (Hoje):
começa a segunda jornada mas antes há o aguardado inicio da campanha do campeão da Europa.

Espanha – Suíça : espera-se uma vitória e um festival de “tiqui-taca”… desenganem-se
Honduras- Chile: o Chile vai tentar afirmar o seu estatuto de candidato ao 2º lugar
Af. Sul – Uruguai: a fantasia sul africana tem mais um teste, outro adversário directo

Texto de Nuno Silva para o Negócios do Futebol