Ficam aqui alguns pontos que penso serem as bases do futebol praticado pelo Guardiola e o seu super-Barça.
Obsessão pela posse da bola. Mais posse própria reduz o tempo e oportunidades aos adversários para criar perigo. Verificam-se relações 70/30 na posse de bola em alguns jogos.
A posse e circulação longitudinal e transversal, com avanços e recuos sucessivos provoca basculações, movimentações, desposicionamentos aos adversários. Cria-se assim espaços para o passe e o aparecimento de jogadores no espaço para receber a bola. Desequilibra-se e desposiciona-se o adversário, massacra-se mentalmente pela ausência da posse de bola, massacra-se fisicamente pela constante procura de homem para marcar e pelos reposicionamentos zonais.
A posse funciona ainda como procura pelo desequilíbrio do adversário com o mínimo desgaste físico próprio. Sem correrias com bola, mas com a bola a correr e pequenas e constantes deslocações dos atletas.
O Guarda-redes é o libero da equipa.
Os centrais têm que saber sair a jogar pelo centro. Apenas se coloca nas laterais se o lateral já estiver em vantagem posicional sobre o adversário directo.
Os laterais devem fazer sempre o equilíbrio ao central que sai a jogar...esse sim deve sair a jogar. Ao contrário do habitual conceito do lateral a sair com bola ou a subir para empurrar o adversário procurando servir de linha de passe.
Equipa sempre muito aberta no espaço lateral e longitudinal, mas com poucos jogadores por fora e muitos pelo centro.
Os jogadores nas laterais, os extremos, devem permanecer posicionais e pacientes quando o jogo se desenvolve pelo meio ou pela ala oposta. Servirão como opção quando a equipa puder e conseguir variar o lado ou fazer uma ponte pelo centro. Como a saída e construção do Barça se realiza pelo centro, vai haver sempre momentos com muito espaço para o extremo ser utilizado com perigo, porque tendencialmente as equipas adversárias vão fechar mais pelo meio.
O centrais e o pivot defensivo deve sempre sair a jogar no pé, e sistematicamente pelo centro, atacando o espaço livre… usando o conceito “provocar com bola para atrair” e “jogar no homem livre”. Assim poderá jogar no espaço libertado pelo jogador que saiu à sua marcação, atraído. Nesse espaço irá cair um colega de equipa. O jogador em posse de bola deverá focar-se nos adversários e não nos colegas. Deverá perceber o espaço que irá ficar livre e a movimentação do adversário e não a movimentação do colega. O receptor do passe fará o trabalho inverso. Mais do que linhas de passe, faz sentido falar em espaços de passe, porque a linha ainda não está lá, não é o jogador que passa que a desenha, é o receptor que aparece no espaço.
A sucessão de provocações ao atletas, irá criar a atracção sucessiva de um e outro jogador para a marcação, criando sucessivamente o espaço para sair o passe e entrar o receptor… é um carrossel! Ou um efeito dominó!
Guardiola planeia o ataque pensando já na possibilidade de perder a bola. A preocupação com o momento defensivo também é uma preocupação, ao contrário de Cruyff, havendo protecção, cobertura, basculação e o fechar a equipa com muita gente no meio já no meio campo ofensivo para recuperar a bola o mais cedo e mais alto possível. Na primeira fase da construção, o jogo posicional e equilíbrio defensivo são também muito importantes.
As movimentações laterais/transversais dos jogadores são muito pouco protegidas pelos adversários que tendem a posicionar-se em função do espaço longitudinal para não deixar progredir no terreno. Os jogadores do Barça fazem muitas movimentações laterais e recebem a bola sempre na sua frente, com óbvias dificuldades para os defensores que estão mais concentrados na protecção do espaço nas suas costas. Quando um adversário se desloca lateralmente vai sempre em vantagem posicional face ao seu marcador, geralmente posicionado nas suas costas. A troca de passe entre linhas para jogadores que se movimentem lateralmente faz progredir o jogo da equipa sem ter existido duelos ou sprints bela bola longitudinalmente. A bola vai progredindo de linha em linha e não os atletas, esses progrediram lateralmente.
O pivot defensivo e os extremos são assim os homens mais posicionais. Guardiola não quer mesmo que estes se desposicionem por razões e momentos do jogo diversos. Os extremos para darem largura à equipa no momento ofensivo, e se derivam para o meio é o lateral que assegura essa largura… e o pivot para se posicionar sempre diagonalmente em relação à bola, para a cobertura ao portador em caso de perda de bola.
O conceito do “terceiro homem”, o “provocar para atrair”, o jogar no “homem livre” complementam-se em forma de dinâmica. O “terceiro homem” é um conceito pelo qual já Cruyff era também obcecado. Consiste numa estratégia para cria situações de finalização usando o avançado como ponte, ou ligação, para colocar o passe não com o objectivo de rodar e finalizar mas para provocar, receber de costas para a baliza, atrair adversários e libertar o terceiro homem a quem será efectuado o passe, normalmente o extremo bem aberto ou a entrar em diagonal de frente para a baliza e em situação de finalização ou de último passe em situação de “2 para 1”. A posse de bola, progressão e circulação visam um de dois momentos, criar situações “2 contra 1” ou “3º homem”.
Em todas as fases do jogo o sentido e rigor posicional é fulcral. Ainda que a posição não seja um ponto, mas antes uma área no espaço em função da posição da bola. Os atletas têm que saber onde estão os seus pares, e estes têm que saber o timing perfeito de saída para aparecer no espaço criado, na linha de passe que ainda não existe, mas que vai aparecer. As trocas, e as trocas posicionais, neste tipo de filosofia não são nada bem vindas.
Outro factor diverso do cânones contemporâneos é o foco nas capacidade de inteligência, posse e passe, em detrimento de características de robustez ou dimensão física dos atletas. O scouting, a formação e o referenciamento de atletas em função do modelo de jogo é o segredo essencial para que tudo o resto seja possível. Messi, Xavi e Iniesta, são o motor de um carrossel fantástico!
Obsessão pela posse da bola. Mais posse própria reduz o tempo e oportunidades aos adversários para criar perigo. Verificam-se relações 70/30 na posse de bola em alguns jogos.
A posse e circulação longitudinal e transversal, com avanços e recuos sucessivos provoca basculações, movimentações, desposicionamentos aos adversários. Cria-se assim espaços para o passe e o aparecimento de jogadores no espaço para receber a bola. Desequilibra-se e desposiciona-se o adversário, massacra-se mentalmente pela ausência da posse de bola, massacra-se fisicamente pela constante procura de homem para marcar e pelos reposicionamentos zonais.
A posse funciona ainda como procura pelo desequilíbrio do adversário com o mínimo desgaste físico próprio. Sem correrias com bola, mas com a bola a correr e pequenas e constantes deslocações dos atletas.
O Guarda-redes é o libero da equipa.
Os centrais têm que saber sair a jogar pelo centro. Apenas se coloca nas laterais se o lateral já estiver em vantagem posicional sobre o adversário directo.
Os laterais devem fazer sempre o equilíbrio ao central que sai a jogar...esse sim deve sair a jogar. Ao contrário do habitual conceito do lateral a sair com bola ou a subir para empurrar o adversário procurando servir de linha de passe.
Equipa sempre muito aberta no espaço lateral e longitudinal, mas com poucos jogadores por fora e muitos pelo centro.
Os jogadores nas laterais, os extremos, devem permanecer posicionais e pacientes quando o jogo se desenvolve pelo meio ou pela ala oposta. Servirão como opção quando a equipa puder e conseguir variar o lado ou fazer uma ponte pelo centro. Como a saída e construção do Barça se realiza pelo centro, vai haver sempre momentos com muito espaço para o extremo ser utilizado com perigo, porque tendencialmente as equipas adversárias vão fechar mais pelo meio.
O centrais e o pivot defensivo deve sempre sair a jogar no pé, e sistematicamente pelo centro, atacando o espaço livre… usando o conceito “provocar com bola para atrair” e “jogar no homem livre”. Assim poderá jogar no espaço libertado pelo jogador que saiu à sua marcação, atraído. Nesse espaço irá cair um colega de equipa. O jogador em posse de bola deverá focar-se nos adversários e não nos colegas. Deverá perceber o espaço que irá ficar livre e a movimentação do adversário e não a movimentação do colega. O receptor do passe fará o trabalho inverso. Mais do que linhas de passe, faz sentido falar em espaços de passe, porque a linha ainda não está lá, não é o jogador que passa que a desenha, é o receptor que aparece no espaço.
A sucessão de provocações ao atletas, irá criar a atracção sucessiva de um e outro jogador para a marcação, criando sucessivamente o espaço para sair o passe e entrar o receptor… é um carrossel! Ou um efeito dominó!
Guardiola planeia o ataque pensando já na possibilidade de perder a bola. A preocupação com o momento defensivo também é uma preocupação, ao contrário de Cruyff, havendo protecção, cobertura, basculação e o fechar a equipa com muita gente no meio já no meio campo ofensivo para recuperar a bola o mais cedo e mais alto possível. Na primeira fase da construção, o jogo posicional e equilíbrio defensivo são também muito importantes.
As movimentações laterais/transversais dos jogadores são muito pouco protegidas pelos adversários que tendem a posicionar-se em função do espaço longitudinal para não deixar progredir no terreno. Os jogadores do Barça fazem muitas movimentações laterais e recebem a bola sempre na sua frente, com óbvias dificuldades para os defensores que estão mais concentrados na protecção do espaço nas suas costas. Quando um adversário se desloca lateralmente vai sempre em vantagem posicional face ao seu marcador, geralmente posicionado nas suas costas. A troca de passe entre linhas para jogadores que se movimentem lateralmente faz progredir o jogo da equipa sem ter existido duelos ou sprints bela bola longitudinalmente. A bola vai progredindo de linha em linha e não os atletas, esses progrediram lateralmente.
O pivot defensivo e os extremos são assim os homens mais posicionais. Guardiola não quer mesmo que estes se desposicionem por razões e momentos do jogo diversos. Os extremos para darem largura à equipa no momento ofensivo, e se derivam para o meio é o lateral que assegura essa largura… e o pivot para se posicionar sempre diagonalmente em relação à bola, para a cobertura ao portador em caso de perda de bola.
O conceito do “terceiro homem”, o “provocar para atrair”, o jogar no “homem livre” complementam-se em forma de dinâmica. O “terceiro homem” é um conceito pelo qual já Cruyff era também obcecado. Consiste numa estratégia para cria situações de finalização usando o avançado como ponte, ou ligação, para colocar o passe não com o objectivo de rodar e finalizar mas para provocar, receber de costas para a baliza, atrair adversários e libertar o terceiro homem a quem será efectuado o passe, normalmente o extremo bem aberto ou a entrar em diagonal de frente para a baliza e em situação de finalização ou de último passe em situação de “2 para 1”. A posse de bola, progressão e circulação visam um de dois momentos, criar situações “2 contra 1” ou “3º homem”.
Em todas as fases do jogo o sentido e rigor posicional é fulcral. Ainda que a posição não seja um ponto, mas antes uma área no espaço em função da posição da bola. Os atletas têm que saber onde estão os seus pares, e estes têm que saber o timing perfeito de saída para aparecer no espaço criado, na linha de passe que ainda não existe, mas que vai aparecer. As trocas, e as trocas posicionais, neste tipo de filosofia não são nada bem vindas.
Outro factor diverso do cânones contemporâneos é o foco nas capacidade de inteligência, posse e passe, em detrimento de características de robustez ou dimensão física dos atletas. O scouting, a formação e o referenciamento de atletas em função do modelo de jogo é o segredo essencial para que tudo o resto seja possível. Messi, Xavi e Iniesta, são o motor de um carrossel fantástico!
Texto de Nuno Silva para o Negócios do Futebol
1 comentários:
Bem, pela primeira vez tenho de concordar com o Nuno Silva. Bom artigo