Uma época na roleta

Carvalhal convocou todo o plantel para o derby  (foto ASF)

Fez na sexta-feira, precisamente, uma semana desde que o Sporting perdeu com o Sp.Braga. O mesmo é dizer, portanto, que ficou a quinze pontos do primeiro lugar e, convenhamos, confirmou o adeus ao título. Há muito anunciado, aliás. Na última terça-feira jogou a continuidade na Taça de Portugal, procurando ultrapassar um FC Porto que se tem pautado por alguma intermitência, no Dragão, tentando remediar o insucesso no campeonato com o sucesso numa prova interna com prestígio. O resultado, já se sabe, foi uma humilhante derrota, por 5-2. Outro objectivo derretido. No sábado defrontou a Académica, para o campeonato. O título está perdido, sim, mas o Sporting é o Sporting, necessita de ganhar para conseguir uma posição que se coadune com a condição da equipa. Não há duas sem três: nova derrota.

Carlos Carvalhal (foto ASF)

A época do Sporting é estranha. Começou, como o leitor bem sabe, mal. A margem de manobra de Paulo Bento foi-se reduzindo, o treinador ficou numa situação demasiado sufocante, sem soluções e só lhe restava sair. Foi o que fez após o empate caseiro ante o Ventspils, em jogo da Liga Europa. A equipa precisava de um abanão que a tornasse mais competitiva, reactiva. A chegada de Carlos Carvalhal, uma escolha supreendente de José Eduardo Bettencourt, trouxe um novo ânimo ao clube. O novo treinador teve algumas dificuldades na definição de um esquema de jogo, a princípio, mas conseguiu fazer com que o Sporting recebesse alguma confiança: a qualidade exibicional melhorou a olhos vistos, os jogadores reaquiriram a tranquilidade necessária, vieram as vitórias. Sete consecutivas.


Foi em Braga que a série se quebrou. Não que o Sporting tenha jogado mal, não que tenha sido inferior ao Sp.Braga. Finalizaram a partida derrotados, contudo. Depois, o objectivo de conquistar a Taça de Portugal foi impiedosamente derrubado pelo FC Porto. Passou-se somente uma semana e um dia entre a partida ante o líder do campeonato e o jogo com a Académica - na estreia de Pedro Mendes. Começou mal: golo de Orlando, um erro colossal de Rui Patrício, no terceiro minuto. Com o tempo, a equipa melhorou, conseguiu acertar o seu jogo e chegou ao empate: aos vinte e quatro minutos, num desvio oportuno de Moutinho a um cruzamento perfeito de João Pereira. Assumiu a superioridade, empurrou a Académica, mas nunca obteve frutos. Faltava concretizar as oportunidades.


Sessenta minutos: perda de bola de Liedson, progressão de João Ribeiro, nova desvantagem. Assobios estridentes, impaciência nos adeptos, equioa sem finalizar e com uma defesa vulnerável a um ataque poucas vezes ameaçador mas extremamente eficaz. A marcha deste jogo pode simbolizar na perfeição a época do Sporting até agora: mau início, recuperação, oportunidade para a retoma, quebra acentuada e regresso à fórmula inicial. No banco, Carvalhal procurou aumentar o caudal ofensivo, trocando peças, introduzindo elementos novos, sempre sem sucesso. Há razões de queixa do árbitro, certo, porém não justifica tudo. Um Sporting cabisbaixo, vergado à terceira derrota consecutiva, ressuscitados os fantasmas antigos, joga amanhã, com o Benfica, a época: ainda pode ganhar a Taça da Liga. Nada mais resta aos leões, a não ser que alcance um brilharete na Europa. É o jogo da roleta!

Texto de Ricardo Costa para o Negócios do Futebol