Olhar sobre o FC Porto


Desde a minha ultima crónica, vários acontecimentos futebolísticos se deram. Antes de começar com o Porto, vou destacar a selecção, que contra as expectativas dos próprios portugueses, lá conseguiu carimbar o passaporte para África do Sul 10’. Se bem se recordam das minhas crónicas mais antigas, eu tinha dito que acreditava no apuramento e em Queiróz. Nessa altura era eu “e mais dez ou vinte”. Contudo, após o apito final em Zenica, houve festa rija por parte dos mesmos que criticaram e usaram a selecção como carne fresca para más-línguas. O que não deixa de ser caricato. Esta é uma boa definição do que Maradona considera “cinzento” na sua célebre conferência de imprensa após a qualificação da Argentina.

Com orgulho vejo também que é o Porto o principal impulsionador da selecção. Vejamos: Bruno Alves, com golos cruciais na Albânia, que permitiu os 3 pontos numa fase complicada do apuramento, e na Luz frente á Bósnia. Raul Meireles que em ambos os jogos do play-off foi o motor da equipa e dinamizador do ataque a par de Nani, além de também ele ter marcado frente á Bosnia. A selecção é de todos nós, mas não deixa de ser gratificante para mim ver o Porto ser o abono de família da selecção. Agradece Queiróz, agradecemos nós, portugueses. E tão lindo foi ver a Luz festejar um golo do Bruno Alves, que tanto deve ter custado. Esperemos que festejem outro daqui a duas semanas…



Relativamente ao Porto a nível individual, tal como eu tinha dito, Varela fazia muita falta, e mostrou que talvez a história actual da classificação da Liga Sagres fosse diferente caso ele não estivesse lesionado. Quer contra o Rio Ave, quer contra o Guimarães, foi ele ou a resolver, no jogo contra o primeiro, ou a descomplexar e a abrir o marcador, no jogo diante do segundo. Em suma, é bom ter Varela de volta. E também ele vai ser mais um na lista de Queiróz daqui a pouco… Quanto aos restantes elementos, Bruno Alves voltou a ser imperioso na “cidade berço” e já mostra a sua plenitude de forma, Belluschi tem tudo para ser o jogador mais perigoso do Porto, bastando para isso não o porem a jogar NO PAPEL DE LUCHO, ou seja, ou se adapta a táctica de modo a avançar Belluschi no terreno, na posição de pivô ofensivo, ou simplesmente aposta-se em Valeri que tanto se tem coçado no banco, Hulk tem estado muito abaixo das expectativas e pergunto-me se ele quer realmente voltar a representar a selecção brasileira, e por fim, Rodriguez aparentemente já saiu de “pré-época” e dá azo á velha máxima de que “os melhores reforços podem ser encontrados dentro do próprio plantel”.



A nível colectivo, é evidente que o Porto esta a crescer de forma, como aliás aconteceu no ano passado: após o Natal já estávamos a rodar a um nível exibicional claramente superior ao do inicio de época, e assim segue o Porto deste ano. Numa via oposta vemos o nosso rival, que tantos elogios recebeu no inicio da época, a descer de forma e a começar a perder alguns pontos e objectivos (a Taça de Portugal, os “apenas” 7 golos que Jorge Jesus queria sofrer em todo o campeonato, etc.), como, aliás, também aconteceu no ano passado: após o Natal o Benfica começou a rodar a um nível exibicional claramente inferior ao do inicio de época, e assim segue o Benfica deste ano. É óbvio que o campeonato português não tem nenhum interesse da perspectiva de um observador que não esteja alienado a qualquer clube: porque é extremamente repetitivo. Já o Braga começa a perder algum fulgor o que me leva a concluir que este campeonato vai ser uma luta a dois com os seus intervenientes nas equipas de Porto e Benfica. Todavia, seria imprudente arredar antecipadamente o Braga de candidato ao título. Foi assim que eles chegaram ao primeiro lugar logo no inicio.



Quanto ao clássico que se avizinha, terá preponderância num aspecto: resolver o tira-teimas sobre quem é mais forte, se o Porto, se o Benfica. Deixo o aviso a adeptos de ambos os lados: será um clássico com polémica, para um lado e para o outro, será feio de se ver em termos de apoio aos clubes, pois quando Rodriguez, Alvaro ou Falcao tocarem na bola, digamos que, o estádio da Luz não os acolherá da melhor forma, assim como os Super Dragões não deixarão escapar a oportunidade de mostrar fair-play e desejar um bom Natal a todos se ganharem assim como os cânticos “bonitos” durante o jogo todo, idem, idem, aspas, aspas para os No Name. Haverá confrontos pós-jogo, e enfim, se não houver empate, preparem-se para ouvir gozo prolongado de um dos lados. Resumidamente, vai ser escaldante, quiçá o jogo do ano em Portugal, e que ninguém deve perder.

Para terminar, o Porto hoje joga na Liga dos Campeões. Com o apuramento garantido, vai ser um jogo a dinheiro, prestigio e pontos no ranking, um jogo que eu pessoalmente detestaria perder por não gostar de espanhóis e ainda menos de madrilenos com a sua presunção arrogante. Será um óptimo jogo para verificar se efectivamente este Porto está, ou não, em crescendo.

Texto de Francisco Carvalho para o Negócios do Futebol