Olhos só na vitória



A Selecção Nacional entra hoje em campo, em Copenhaga, para defrontar a selecção dinamarquesa, num jogo que os portugueses estão obrigados a vencer para continuar a sonhar com o apuramento para o Mundial da África do Sul, em 2010. É certo que todos os acompanhantes desta selecção estão mais do que a par das exibições medíocres dos últimos tempos, e foram mesmo essas fracas prestações ao longo da fase de apuramento que nos colocaram na difícil posição em que nos encontramos. Hoje, mais logo, teremos pela frente nada mais do que o actual líder do grupo em que Portugal está incluído, equipa frente à qual não fomos além de uma derrota por três bolas a duas no primeiro encontro, em casa. Agora que se pode mesmo dizer que é o tudo ou nada para a selecção das quinas, a pergunta que se coloca é se a equipa de Carlos Queiroz conseguirá os fundamentais três pontos, no final dos 90 minutos.



Recorrendo a um passado ainda não muito distante, deparamo-nos com as memórias de uma equipa na altura ainda treinada por Scolari, que depois de um 2º lugar no Europeu de 2004 e de uma 4ª posição no Mundial de 2006, deitou por terra as esperanças de uma desforra a contar para o último europeu. Mas passado é passado, e história que procuramos está já depois de todos estes acontecimentos. Ainda sob o comando do já campeão do mundo de selecções, Portugal teve uma série de maus resultados que começaram desde logo a comprometer a presença na África do Sul, em 2010. Cristiano Ronaldo e companhia, depois de vencerem Malta, perderam como foi já referido com a Dinamarca, e empataram os três jogos seguintes, frente à Suécia, Albânia e de novo frente à Suécia. Acabámos mais recentemente por conquistar a segunda vitória, no segundo jogo contra a Albânia, salvos por um golo de um defesa-central, aos 90+2 minutos de jogo.



Quando o relógio marcar as 19 horas de hoje, as duas selecções entrarão em campo, e Portugal terá de se afirmar logo desde o princípio, e mostrar mais eficácia do que ultimamente. Muito mudou desde o início deste apuramento, começando no comando técnico e acabando no esquema de jogo, passando ainda pela naturalização de um novo ponta-de-lança. A selecção mudou agora para um estilo de jogo com quatro médios, e o velho 4-3-3 de tantas partidas deu lugar a um 4-4-2, ao que Queiroz afirma para dar mais liberdade e poder de intervenção a Ronaldo (ainda que muitos "treinadores de bancada" afirmem com convicção que a selecção se sairia melhor sem o "melhor do mundo"). Um outro aspecto que tem dado que falar ultimamente é a naturalização do ponta-de-lança do Sporting, Liedson, que foi imediatamente integrado no grupo de trabalho que está em Copenhaga. Este é já um velho costume da nossa selecção, como diz Tomasson, "comprar" jogadores ao Brasil, e apesar de não se esperar que Liedson se estreie no onze inicial, se isso acontecer será apenas para se juntar a mais dois "portugueses emprestados", Deco e Pepe. Não me interpretem mal, não é que tenha algo contra isto, mas mascarar jogadores de outras nacionalidades e integrá-los noutros países parece algo bastante rebuscado. O atleta em causa até pode passar anos da sua vida no país em causa, mas não deixa de existir alguma injustiça na maneira como esta possibilidade é garantida no futebol mundial. Por outro lado, se uns têm direito a fazê-lo, não seria obviamente de esperar que Portugal se excluísse deste lote simplesmente porque não é a medida mais correcta para ampliar o poder de uma equipa.

Como português, e apesar de estar algo céptico, espero uma exibição diferente das últimas da parte da Selecção Nacional, com mais poder de ataque, menos erros, mais eficácia... e três pontos no final do jogo.