Esperança até ao fim

Todos deverão saber o que se vai passar hoje, mais logo. Portugal tem uma última hipótese de se redimir na luta pelo objectivo de estar presente no Mundial 2010 da África do Sul. Com a maior parte dos jogos já realizados, restam agora uns poucos para a selecção das quinas tentar dar a volta por cima. E ao contrário de sábado, hoje não há mesmo volta a dar. Só uma vitória permitirá a continuidade da discussão por um lugar na mais importante competição internacional de nações ... e é com muita pena minha que tenho de acrescentar que mesmo isso não basta. Aliás, nem mesmo vencer todos os jogos que restam basta aos portugueses. Depois de decepções atrás de decepções, derrotas, empates e pontos perdidos, Portugal está agora dependente de terceiros, da Suécia para ser mais preciso. Como adepto de futebol, toda esta situação é muito triste para mim, sendo também português, e qualquer pessoa que tenha visto o jogo do último sábado não compreende o fado de Portugal neste apuramento. Fazendo minhas as palavras do seleccionador da Hungria, a exibição portuguesa no último jogo (em especial na primeira parte) foi algo que há já muito tempo não tinha acontecido, e que em situações normais se traduziria numa vitória por números expressivos. Ainda assim, no final dos 90 minutos, o marcador assinalava um resultado de 1-1; mais que isso, a estatística de jogo mostrava que a Dinamarca tinha obtido um número impressionante de remates à baliza: um. Um remate certeiro bastou para que o golo lusitano, sofrido, deixasse de significar qualquer objectivo alcançado.


Então afinal, de que serve jogar bem se as oportunidades acabam mais facilmente em pontapés de baliza do que em golos? De que serve mudar o esquema de jogo, fazer uma boa primeira parte, apenas para quando a partida é reatada voltar às "raízes"? (que de "muito" valeram para a primeira metade do apuramento ...) Enfim, de que serve afinal naturalizar jogadores por necessidade se essa a "necessidade" só chega aos olhos do treinador na segunda parte? Posso sinceramente dizer quer há algum tempo que não compreendo certas atitudes dos nossos seleccionadores, e para mim o embate frente à Dinamarca foi mais do que exemplo do que não fazer a um jogo em que chegamos ao intervalo com 15 remates (ainda que a perder ...). Mesmo assim, às vezes parece mais fácil pôr as culpas nos técnicos, nos árbitros, etc. Então e os nossos jogadores? Será que merecem ir ao Mundial? Eu quero acreditar que sim, quero mesmo, mas é difícil compreender o que está a faltar. Um líder? Um goleador? Motivação? Quanto às primeiras duas já vamos tarde para tentar ajudar, mas se algo capaz de me fazer acreditar no que a selecção portuguesa é capaz de alcançar, é sem dúvida a memória desse Verão de 2004 ...



Não ganhamos, é certo, mas queremos fazê-lo. E a memória de que estivemos tão perto prevalece até aos dias de hoje, e apesar de algo escondida por entre os membros da comitiva portuguesa actual, considero difícil não ter garra e vontade de fazer mais. Por isso é que mesmo sendo agora mais complicado do que nunca, há sempre uma réstea de esperança ... e por isso, selecção, façam dessa esperança atitude dentro de campo. E dêem-nos mais uma vez alegria em ser português, quem sabe ainda mais do que nunca até agora.