Como elaborar relatórios de jogo

Olá a todos. A partir de hoje, semanalmente, será publicado no vosso blog preferido, crónicas, reflexões e postagens devidamente fundamentadas num único tema: futebol. O tema aqui tratado, em geral, é o futebol. Isso é claro. Mas o que vai ser tratado será algo que não está ao alcance de qualquer um: "a táctica". Quem são os melhores jogadores e que este joga melhor aqui ou ali ou o outro é forte e finta bem não diz nada sobre tática. Novos artigos sobre o assunto estão para chegar. Enquanto isso, façam apostas de desporto online.

Começando então:
Quem joga FM, e usa um membro da equipa técnica para fazer um relatório sobre o adversário do jogo que se segue, esse relatório é muito simples e repetitivo: "ter atenção com o jogador tal", " o passe é curto longo ou misto", "provavelmente jogam em 4-4-2" e assim coisas do género. Isso praticamente não diz nada sobre um adversário. Existem métodos específicos de avaliar os adversários. Já alguém ouviu falar do famoso relatório de André Vilas-Boas sobre o Newcastle, ao serviço do Chelsea, enquanto trabalhava com José Mourinho? Se não, está em baixo. Mas primeiro passo a explicar como se elabora um verdadeiro relatório sobre um adversário, que vai muito além dos jogos de computador (que tem erros tácticos).



Estes relatórios são feitos para estudar os pontos fortes e fracos do adversário e assim preparar a equipa durante a semana para o jogo que se segue. É muito importante entrar em campo capaz de prever como o adversário vai jogar, estando assim um passo em frente para a vitória no final do jogo.

Primeiro procura-se saber em que condições vamos jogar. Temos de reparar no clima, de como está o relvado, saber quais são os jogadores contra quem vamos jogar, incluindo os seus números, qual o plantel inicial mais frequente ou habitual e suplentes. Também nos interessa conhecer as características desses jogadores, sejam físicas, técnicas ou tácticas.

Depois vamos analisar o comportamento dessa equipa durante o jogo. Para fazer um bom relatório de uma equipa, observar 4 ou 5 jogos para tirar excelentes conclusões sobre os padrões da equipa por exemplo, é o ideal. Começamos por estudar a estrutura da equipa. Vemos como os jogadores estão distribuídos pelo campo, e, ao longo do jogo, como essa equipa se comporta, no que se trata de organização posicional. Simplificadamente, só um exemplo: começa o jogo e o adversário está a jogar em 4x3x3. Mais um bocado e repara-se que está a jogar em 4-4-2. Observo o segundo jogo e vejo as mesmas alterações. À partida está aqui um padrão do adversário, que, a certa altura do jogo, muda de distribuição pelo campo e preparou-se durante a semana para isso. Mas é só um exemplo.

Além da estrutura da equipa, também temos de estudar o comportamento dessa equipa nos quatro momentos de jogo. Por exemplo, durante a organização defensiva, vamos observar se fazem pressão alta ou baixo, de defendem à zona ou homem a homem, a atitude, os comportamentos defensivos, como ocupam o espaço, etc. Estudar bem os pontos fracos durante este momento é importante, mas de qualquer forma os outros três momentos também são de especial importância.



Outro momento para analisar é o momento ofensivo. Vamos olhar para o adversário e perceber como passam a bola, construindo o jogo, os jogadores de referência, quais os padrões da equipa a jogar no espaço, etc. Saber como o adversário ataca é meio caminho andado para defender bem.

Continuando o estudo, podemos tratar da transição ofensiva. Podemos perfeitamente perceber se, quando a equipa ganha a posse de bola, parte rápido para o ataque ou se a vai valorizar. Também podemos ver quais são os primeiros jogadores de referência, que bem marcados, a equipa já não sai tão bem a jogar. Geralmente várias equipas atrasam até ao guarda-redes, ganham tempo, organizam-se e o guarda-redes devolve, curto ou longo. Também é um aspecto a ter em conta.

O quarto momento defensivo que podemos estudar, é a transição defensiva. A ocupação racional do espaço é fundamental. Perceber onde o adversário ocupa mal os espaços é o ideal para saber em que zona podemos trabalhar a posse de bola. Podemos aproveitar os erros de posicionamento para criar boas situações. Falo também dos espaços deixados pelo adversário quando perde a bola, principalmente se demorarem a ser fechados. Ou até da forma como são fechados. Há equipas que recorrem a faltas tácticas, e podemos usar isso a nosso favor. Junto à área, de frente para a baliza, é uma excelente zona do campo para marcar um bom livre directo.



Além dos quatro momentos de jogo, ainda temos uma coisa a ter em conta. E ainda agora falei nela. Quando falo de livres, falo de bolas paradas. Nas bolas paradas contra o adversário, podemos ver quantos homens colocam na barreira, isto se num caso de ser livre directo ou não, dependendo de onde é marcado. Também vemos se os jogadores dessa barreira saltam. Atrás da barreira, também devemos estudar quantos jogadores defendem, e como defendem.

Nas bolas paradas a favor do adversário, devemos estudar a movimentação nos lançamentos laterais, nos livres e nos cantos. Nunca perder de vista os jogadores que servem como referência. E ainda como referência, a zona do campo para onde efectuam passes ou tentam rematar.

Apesar deste relatório já ser algo velhote, vale sempre a pena recordar o trabalho dos portugueses lá fora, que distinguem e glorificam Portugal. Usem este link para acederem ao relatório, dado o seu tamanho e, proporcionalmente, valor. Podem também fazer aposta online.