V. Guimarães e Académica protagonizaram um espectáculo místico na 1.ª mão da meia-final da Taça de Portugal. Recheado de público, o D. Afonso Henriques transbordou fé e carisma. Um cenário de festa que, sistematicamente, o caracteriza.
A Académica sentiu a indisfarçável carga de um estádio a ferro e fogo. E os jogadores de Manuel Machado disfarçaram bem algum nervosismo inicial que possa ter existido, entrando melhor na partida. Afinal de contas, o peso da responsabilidade era bastante e seria preciso vencer algumas emoções. Nada como entrar a jogar a grande velocidade. Regra geral, o sinal mais era, claramente, do V. Guimarães. O acumular de oportunidades criadas começava a inquietar os homens de Coimbra. As ocasiões foram-se sucedendo: remate de Rui Miguel a rasar a barra; disparo forte de João Alves para grande defesa de Peiser; jogadas individuais de Bruno Teles pela esquerda, com perigo constante. Numa delas, Toscano só não marcou, porque francês assinou um corte soberbo com os pés perto da linha de baliza. Mas havia um diferencial de precisão para bater o número um da Académica.
O golo parecia então iminente, mas questões de pormenor adiaram-no até à recta final do encontro. À beira do intervalo, o jogo mudou. Mas não muito. Bischoff fora expulso num momento de arrepiar. A Académica ficava-se pela atitude combativa e generosa no capítulo defensivo. A partir dessa altura e com mais uma unidade, cabia ao Vitória provar que era capaz de virar o jogo a seu favor, enquanto a Académica podia limitar-se a controlar os acontecimentos. Mas a margem de manobra para o V. Guimarães gerir os acontecimentos não aumentou substancialmente, até porque João Alves também seria expulso pouco depois por acumulação de amarelos. Com as duas equipas reduzidas a 10 elementos, o futebol produzido decaiu na 2.ª parte.
Sentia-se que para alguma coisa mudar, a iniciativa teria de continuar a partir do Vitória. A vontade era contagiante e a equipa não tirou os olhos da baliza de Peiser, mas fê-lo de forma atrapalhada e inconsequente. O encontro chegava a um ponto crítico. E a equipa precisava pensar no próximo passo. Numa descrição geral, a metade complementar deixou de ser tão estimulante. Sinal mais e por vezes muito mais do V. Guimarães, com algumas ocasiões de golo. Mas sem perturbar em demasia a narrativa do jogo e um guarda-redes em grande noite.
A Académica ficava-se pelas linhas recuadas, à espera, com certeza, de marcar território nesta 1.ª mão, contando com a velocidade de Sissoko e Diogo Gomes para continuar a criar alguns estragos na frente de ataque. O camisola 85 esteve mesmo perto colocar a Académica em vantagem, num lance em que Nilson voltou a mostrar o seu enorme sentido de baliza.
Com a eliminatória jogada a duas mãos, até ao final, assistiu-se, por isso, a uma partida muito mais calculista e menos espectacular do que a que na primeira metade do jogo. Ate que apareceu Faouzi na cara de Peiser e conseguiu iludir o guarda-redes com um toque subtil, fixando o resultado da partida (1-0).
Com o Jamor no horizonte próximo, os brancos têm agora mais razões para acreditar na final, 23 anos depois. Em Guimarães, sim, acreditou-se, mas sem ampliar distâncias. Tudo em aberto para a 2ª mão em Coimbra. in MaisFutebol
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