Renasce Jesus, renasce o Benfica


Estabelecem quase que uma relação causa-efeito. Quando Jorge Jesus se apresenta enérgico, o Benfica consegue jogar um futebol agradável, tal é o efeito do treinador encarnado nos jogadores benfiquistas. Ontem, os lisboetas venceram o Sporting de Braga em jogo em atraso da Taça de Portugal e eliminaram, praticamente sem vacilar, um dos candidatos legítimos à vitória. 2-0 foi o resultado final, mas o domínio das "águias" em campo foi bem elevado. O Braga, apostando em lances de ataque rápido e passes directos acabou por, na grande maioria do tempo, dar-se mal. Em noite de confronto entre duas equipas com muitos estrangeiros, não houve o "Vira", mas sim o "Tango", com Saviola e Aimar a fazerem os dois tentos do Benfica.

Jorge Jesus lançou Júlio César na baliza dos campeões nacionais - e o brasileiro viria a safar um golo com uma grande defesa já perto do final - como única novidade no onze. Aimar regressava também à sua posição mais natural - a de 10 - e Carlos Martins deslocava-se para o lugar de interior direito. Nos bracarenses, Paulão regressou após lesão e Domingos deu a titularidade no lado esquerdo da defesa ao jovem Guilherme, que não desapontou. No meio, Madrid e Hugo Viana faziam um duplo pivô defensivo e Meyong aparecia como único ponta-de-lança. Durante a primeira meia-hora o Benfica dominou de forma notória o encontro, em parte também devido à incapacidade dos "arsenalistas" em se adaptarem a tantas mudanças tão de repente. É verdade que a exibição encarnada não enchia as medidas, mas não é menos verdade que o Braga era uma nulidade. Aos da casa faltava apenas que Cardozo e Saviola aproveitassem o muito jogo que a eles chegava. Após os trinta minutos de jogo, o Braga começou a falar uma língua na qual se entendia melhor e o Benfica demonstrou algumas debilidades defensivas - numa altura em que Luisão já tinha deixado o campo lesionado.


Contudo, este crescimento foi morto precocemente pelo golo de Saviola, aos 38 minutos. Mesmo sem rematar muito, o internacional argentino, à primeira vez que controlou bem a bola e aproveitou um erro defensivo, não perdoou. Até ao intervalo, a reacção dos minhotos não se viu.

Domingos foi alterando as pedras na segunda parte e o Braga atacou mais, mas sem que isso tivesse resultados práticos. Aos 88 minutos, Alan ainda poderia ter marcado, mas Júlio César, numa grande estirada salvou o empate. Como quem não marca, sofre, nos descontos, Salvio arrancou pela direita, rematou cruzado ao poste da baliza de Artur. A bola sobrou para Rúben Amorim que rematou de pronto para boa defesa do brasileiro, mas o esférico ficou no ar, com Pablo Aimar a fazer um anormal - para ele - golo de cabeça que sentenciou o encontro.