Análise do sorteio da Champions

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Já sem a participação de equipas portuguesas, o sorteio da Champions teve, igualmente, lugar hoje, em Nyon, Suíça. Aqui fica a análise do Negócios do Futebol relativamente aos resultados do mesmo.



Bayern vs Manchester

Depois de ter ultrapassado categoricamente o AC Milan, o Manchester United chega aos quartos-de-final para defrontar, de novo, um gigante do futebol europeu. Desta vez saiu o Bayern de Munique. Os ingleses podem partir com algum ascendente relativamente aos bávaros, devido aos sucessos e boas campanhas recentes na liga milionária. Apesar de os red devils privilegiarem um sistema de 4x4x2 clássico com dois extremos - Valência e Giggs/Nani -, é de prever que, pelo menos no jogo na Baviera, optem por um meio-campo de mais contensão, com Fletcher, Scholes, Carrick e um elemento com mais criatividade como poderá ser o caso de Nani. No ataque, morarão com quase toda a certeza um Wayne Rooney que será uma tremenda ameaça a Van Buyten e Demichelis, e ainda Dimitar Berbatov que ainda não terá justificado totalmente o investimento feito pelo United na sua compra. Na defesa, Gary Neville poderá assumir a função de lateral direito, em detrimento do jovem Rafael da Silva, uma vez que o internacional inglês tem mais consciência defensiva, necessária quando do outro lado poderá estar Robben ou Ribery. Ao centro, salvo alguma impossibilidade, Ferdinand e Vidic deverão constituir uma parede quase intransponível e mais à esquerda deverá alinhar um dos melhores laterais esquerdos do Mundo: Patrice Evra. Quanto à baliza estará entregue a Van Der Sar sem discussão.

Do lado germânico chega o Bayern, que realizou uma campanha de trás para a frente. A turma de Louis Van Gaal começou a época de forma medíocre, é verdade, mas agora impera na Alemanha e, depois de ter passado por uma sempre difícil Fiorentina, ameaça impor-se na Europa. Entre os postes está um senhor bem conhecido dos adeptos encarnados. Butt, que teve uma passagem infeliz pelo Benfica, oferece veterania e alguma excentricidade. A defesa é formada por um quarteto bastante consistente com presença para Lahm, Van Buyten, Demichelis e Badstuber. O ponto fraco poderá ser mesmo a lentidão dos centrais, algo que poderá custar muito caro frente a Wayne Rooney. Do meio-campo para a frente começa - ou continua - o desfile de estrelas. Van Bommel é um equilíbrio fundamental para as acções ofensivas do Bayern: é ele que permite que os criativos desta equipa ataquem quase sem se importarem em recuperar defensivamente. À frente do holandês, Schweinsteiger, Ribery e Robben desenham um trio de sonho, conferindo toda a fantasia e improvisação que o futebol requer e que serve, de forma satisfatória, para oferecer golos ao duo de pontas-de-lança que poderá variar entre Mário Gómez, Klose e Mueller. Todos eles com elevado poderio no jogo aéreo sendo que Mueller é o mais móvel das três opções.



Lyon vs Bordéus

Duelo interessante entre dois grandes rivais do campeonato francês. O Lyon, no início da época, apostou milhões em voltar à hegemonia que o Bordéus lhe havia retirado no ano passado, mas foi a equipa de Laurent Blanc a voltar a exibir-se em grande nível interna e externamente. No entanto, a formação onde actuam Lisandro López e Cissokho vem de uma moralizante eliminação efectuada ao Real Madrid e isso poderá servir como tónico a uma equipa que tem no ataque a sua principal arma. Efectivamente, é lá que moram as principais figuras da equipa: Michel Bastos, Govou, Gomis e Lisandro, como é óbvio. Quer pelas alas, quer pelo centro, poderá vir daqui mesmo o perigo. Jogando em zonas recuadas do terreno, Toulalan, Kallstrom, Pjanic oferecem igualmente garantias a nível ofensivo e defensivo. No sector mais recuado do terreno, o calcanhar de Aquiles pode vir na fraca velocidade de Clerc ou Revelleire, que pode ser aproveitado quer por Gourcouff, quer por Wendel.

No Bordéus será difícil apontar um ponto fraco. A haver ele reside claramente em Fernando, médio centro que parece destoar na classe dos restantes colegas de sector intermediário. Gourcouff e Chamakh são estrelas maiores no campeão francês, onde também se destacam Plasil, Wendel e o lateral esquerdo Tremoulinas, que oferece muita profundidade à equipa, algo que, não deixando de acontecer, não é tão frequente com o homem do outro extremo, Chalmé. O 4x2x3x1 do Bordéus é um sistema pouco usado em competições europeias mas que parece não assentar nada mal aos gauleses já que lhes confere um valor distinto e inegavelmente produtivo.



Barcelona vs Arsenal

O Barcelona tem um teste bem complicado contra uma equipa que, na Europa, se sente como peixe na água. O jogo ganha ainda mais aliciantes se tivermos em conta que tanto uma formação como a outra jogam da mesma forma: com a bola no pé e apostando em trocas rápidas de bola em passe curto. Quanto ao Barcelona, poucos pormenores há escondidos, sobressai, no entanto, a genialidade dos seus jogadores e é isso que faz com que cada jogo seja diferente. Messi, Ibrahimovic, Xavi e Iniesta, cada um com as suas qualidades fazem do Barça uma equipa completíssima, assente em dois pilares defensivos fulcrais como é a dupla de centrais Puyol-Piqué. O único elemento que poderá ser bem explorado e com grande possibilidade de sucesso é, caso seja titular, o lateral esquerdo Maxwell. O brasileiro pode ver-se em claras dificuldades quando por ali passar Arshavin, Fabregas ou Nasri. Poderá ter mais sorte se lhe cair Rosicky. É que o Checo embora tenha uma leitura de jogo que faz dele um jogador claramente acima da média, não tem a técnica e velocidade que os restantes colegas têm. Na frente de ataque dos gunners reside Bendtner, um jogador em notória ascensão e que promete dar que falar. Pelas laterais, o Barça pode ver-se em grandes apuros já que Clichy e Sagna são jogadores tão exemplares a defender como a atacar. O elo mais fraco dos londrinos é mesmo Soll Campbell. O internacional inglês é lento de rins, à semelhança de Vermaelen, e denota uma clara falta de ritmo que vai ser, certamente, aproveitada por Ibrahimovic e companhia limitada.



Inter vs CSKA

José Mourinho pode considerar-se um sortudo, certo? Não, nem pensar. Se aparentemente esta equipa do CSKA pode parecer a mais acessível, a verdade é que facilmente se conclui que não é bem assim. Os russos renegaram o Wolfsburgo para a Liga Europa, fizeram frente ao Manchester United e eliminaram o Sevilha com uma vitória em Espanha. Se estes factores não chegarem para ilustrar a qualidade dos homens de Leonid Slutskiy e meter respeito aos nerazurri teremos então aqui um lapso de entendimento. O entendimento entre guarda-redes e sector defensivo é muito grande, devido aos anos que este quinteto leva a jogar junto, e gera uma grande impenetrabilidade por parte dos adversários. Será, por isso, uma boa provação para comprovar o valor da dupla Milito/Eto'o. Ao meio, Semberas é o encarregado de fazer a primeira transição defesa-ataque e um poço de energia. No miolo, destacam-se também Milos Krasic, jogador seguido por meio mundo e Honda, atleta nipónico bastante prendado visto pelo outro meio. Mais avançado há Dzagoev, um avançado nada tosco, capaz de marcar golos fáceis na área, plenos de oportunidade e de vir cá fora arrancar tentos de levantar o estádio.

No lado do Inter, a moral está em alta. Os comandados de Mourinho conseguiram eliminar o Chelsea numa eliminatória cheia de amores e desamores. Na baliza Júlio César, um dos três melhores guarda-redes do mundo seguramente, irá exibir-se, com quase toda a certeza, em grande nível. A defesa é toda constituída por jogadores de elevadíssima experiência, nas quais se destacam a frieza de Zanetti, a capacidade de liderança de Lúcio, ou o brilhantismo de Maicon. Stankovic e Cambiasso são a razão pela qual Sneijder é um jogador totalmente diferente daquele que esteve no Real Madrid, já que aqui não tem de se importar muito em vir atrás defender. Ainda no meio-campo, Thiago Motta é o membro que passa mais despercebido. No ataque figuram o, este ano, intermitente mas sempre decisivo Samuel Eto'o, ao lado do letal Diego Milito, capaz de, sozinho, resolver o mais difícil dos jogos.