A outra face da moeda arsenalista não tem o mesmo encanto. Sem os milhões da Champions em jogo, o Sp. Braga aproveitou um penalty conquistado por Matheus e um raide de Paulo César para trepar até ao sexto lugar (2-0). Um pulo sem tanto brilho, perante um adversário que prometeu sem cumprir. Vinha para ganhar, avisou Jokanovic. A ambição perdeu-se na viagem.
Foram 66 minutos de sofrimento para os espectadores, longos bocejos e arrepios numa noite gélida. Pedro Proença, talvez para combater o frio, puxou dos cartões perto do intervalo e não mais parou. Dois expulsos, saldo final. Dúvidas no castigo máximo, embora pareça existir ligeiro contacto. Esperteza de Matheus, o homem que derrubara o Arsenal. Moisés hesitou, Lima concretizou. Prémio para quem mais fez por isso. O 2-0, belo contra-ataque desenhado por Vandinho, Madrid, Mossoró, Viana e Paulo César, prova que há mais Braga para render. Com três mudanças no onze, o Sp. Braga apresentou o 4x3x3 que entrelaçara o Arsenal londrino. O Nacional apostou no mesmo esquema, após empate a zero no derby madeirense. Como tal, assistiu-se a encaixe hermético desde o apito inicial. Um forte obstáculo ao jogo fluído, naturalmente.
Sem espaço para trocar a bola rente à relva, a formação minhota privilegiou os lances de bola parada. A amostra entusiasmou os adeptos. Em cinco minutos, entre os 13 e os 18, os arsenalistas cabecearam por três vezes na área insular. Não passou disso mesmo. O Nacional resistiu a esses fogachos, inspirados pelo pé esquerdo de Hugo Viana, e foi-se acomodando. Sem pressão, sem ambição desmedida pela vitória, rendeu-se à perspectiva de um contra-ataque fortuito. Veio um, outro até, ao terceiro já se ouviam assobios nas bancadas. Nos últimos instantes de uma primeira parte enfadonha, surgiu Pedro Proença a puxar dos cartões. Três amarelos em dois lances. Soou a castigo pelos bocejos provocados pelos jogadores. Antes, anulada e bem um golo a Mateus, por fora-de-jogo. Em quatro parágrafos, com rodos de boa vontade, contou-se a história da etapa inicial. Merecia menos, bem menos. Os adeptos, aqueles que resistiram estoicamente ao frio, mereciam mais, bem mais.
As cartolinas mostradas a Moisés e Hugo Viana desviaram atenções, o Sp. Braga jogava pouco mas Proença era o réu, o foco da ira. Domingos Paciência retardou as substituições, acreditando que o intervalo seria bom conselheiro para aqueles elementos. De facto, a formação arsenalista regressou com outra disponibilidade física, maior disponibilidade para movimentações sem bola, essenciais para quebrar a teia madeirense. Ainda assim, o principal lance de perigo surgiria novamente de bola parada. Canto de Viana, Moisés cabeceia à trave (54m). Ânimo na plateia. Finalmente. O Sp. Braga já ameaçava quebrar quando Matheus, o herói da Champions que esteve em dúvida para este jogo, inventou. Encarou Claudemir, fintou para dentro e caiu. Pedro Proença assinalou o ligeiro contacto, existente mas talvez insuficiente para a queda. Moisés ainda permitiu a defesa de Bracalli, Lima recarregou com êxito (66m). Pela primeira vez, o Nacional estava em posição desfavorável. Jokanovic prometera jogar em Braga para ganhar, mas raramente o fez. Quando sentiu o tal pontinho a fugir, tentou reagir. Stojanovic foi expulso por acumulação,Salino seguiu o mesmo caminho pouco depois.
Estava feito o resultado, confirmado com o 2-0 de Paulo César, em cima do apito final. Um belo contra-ataque, com Mossoró e Viana à mistura. Castigo justo para um candidato pouco ambicioso. Arbitragem complicativa de Proença. in Maisfutebol
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