Jogou-se o clássico na Luz e o Porto perdeu, contra a previsão que tinha feito na minha ultima crónica. Eu e todos os portistas sentimo-nos naturalmente desapontados. O que falhou neste clássico, depois de um jogo tão bem conseguido em Madrid, e outro tranquilamente ganho frente ao Setúbal? Em primeiro lugar há que realçar o que para mim foi erro capital neste jogo: ter deixado Varela no banco. Apenas por ser o mais recém-chegado elemento do ataque (a par de Falcao) acabou por pagar a “factura do inexperiente”, e foi sacrificado. Varela que, para mim, é neste momento a unidade mais móvel e dinâmica do ataque do FC Porto, não podia ter sido deixado no banco. Já se viu que ele tem mais que capacidade para resolver jogos, e espero bem que tenha sido a ultima vez que ficou no banco em detrimento de “vedetas” que ganham muito mais mas jogam muito menos. Falo obviamente de Hulk, e também de Rodriguez. Não entendo a irregularidade galopante de Hulk este ano. Alterna jogos bons e grandes golos com jogos em que mal se vê, passando despercebido. O que o Porto necessita é do Hulk do ano passado, não deste Hulk. Ele tem que repensar todo o seu jogo, e uns quarto ou cinco jogos (sem exagero) no banco ou na bancada não lhe fariam mal.. Oh, se o Co Adriaanse ainda estivesse cá…
De seguida, o esquema táctico. Bem sei que cá fora é fácil mandar bitaites, mas a verdade é que jogar num 4-3-3, com os três elementos do meio campo no miolo do terreno, não era uma opção sensata. E isto porquê? Essencialmente por dois motivos: o primeiro prende-se com o facto de o Benfica jogar num 4-4-2, ganhando logo á partida vantagem numérica, o que a jogar fora não é indicado, o segundo é relativo ao desenho dos esquemas tácticos de ambas as equipas. O 4-4-2 do Benfica, com Javi Garcia mais recuado na posição de pivô defensivo, Carlos Martins a jogar mais encostado á área do Porto e com dois médios-alas, evita precisamente aquilo que estragou grande parte do jogo do Porto: o estado do terreno. Se repararem, o losango evita um pouco o centro do terreno, que era a parte mais crítica do relvado, ou melhor dizendo, “lamaçal”, ao passo que os dois médios do Porto, Meireles e Guarin, travaram uma autêntica luta na lama por ali. Além disso, o 4-4-2 conta com dois avançados, que podem tabelar entre si, aumentando em muito o leque de jogadas. No 4-3-3, Falcao andou por ali perdido, as bolas não lhe chegavam e ele nada podia fazer. Em suma: jogo muito pobre do Porto, e vitoria merecida do Benfica.
Quanto á arbitragem, há pelo menos uma grande penalidade não assinalada para cada lado, e o golo de Saviola parece ser precedido de uma jogada em fora de jogo, que se tivesse sido correctamente assinalado, não daria origem ao lance que deu o golo. Mas para mim, isso pouco interessa. O Porto tem que conseguir ganhar qualquer jogo, e não lamentar-se por ser prejudicado num ou outro lance. Contudo, há que realçar mais uma vez a incompetência de Vítor Pereira ao nomear Lucílio Baptista para este jogo. Depois de já ter feito um erro crasso ao nomear Duarte Gomes para o clássico contra o Sporting no Dragão, depois de toda a polémica entre este e jogadores e dirigentes leoninos poucos dias antes, o senhor Vítor Pereira vai nomear um árbitro que no seu ultimo clássico ofereceu a vitória a uma das equipas com um erro técnico de arbitragem escandaloso. Enfim, nada de novo tendo em conta que é de futebol português que estamos a falar.
Para terminar, agora com a pausa de Natal há alguns aspectos a repensar. Naturalmente o que salta ao pensamento é a abertura do mercado. Não creio que o Porto necessite de contratações. Os melhores reforços que o Porto pode ter estão dentro do próprio plantel, e são três: Hulk, Valeri e Belluschi. Um Hulk com mais cabeça, ou seja, inteligência e jogo colectivo, era uma prenda natalícia sublime para mim. Uma aposta regular em Valeri como titular, ou a mudança definitiva de esquema táctico para que Belluschi possa jogar na sua posição natural, que é médio ofensivo, são outras das prendas. Ainda há muito campeonato pela frente, e se o Porto quiser ser campeão, tem que dar seguimento às boas exibições que fez antes do clássico.
A todos desejo um bom solstício de Inverno, e que o Pai Natal seja generoso.
Texto de Francisco Carvalho para o Negócios do Futebol
6 comentários:
Definitivamente um texto mais cuidado e menos incendiário que o de Nuno da Silva. Concordo com a maioria dos aspectos, e a unica parte com que discordo é talvez a parte das contratações. Um lateral esquerdo que faça concorrencia ao Alvaro Pereira nao era mal pensado.
não me parece... Fucile faz bem esse lado, e temos mais dois DD
O Miguel Lopes dificilmente vai jogar muito este ano. Provavelmente vai ser rodado na taça da liga e pouco mais. O Sapunaru nao tem o que é preciso para um lateral, e acho que tem mais capacidade para ser central, como se viu no jogo contra o Atletico de Madrid. Um lateral esquerdo jovem, com margem de progressão como se fez com Cissokho nao caia mal de todo. Se calha termos o Fucile e o Alvaro indisponiveis... Mais vale prevenir do que remediar.
e um avançado, não? só farías e falcao lá na frente? (e o o.sá, também, mas esse coitaado, ainda está lesionado)
o orlando sa ja recuperou li á uma semana ou assim no jornal O Jogo.
Dizem que Salvio do Lanus vem para o Porto. Ate esta uma noticia aqui no blog e tudo. Ele tem jogado pela selecao argentina, parece-me grande jogador.